Há uma semana o mundo compartilha de um sentimento gritante e angustiante em que preconceito, racismo e injustiça se misturam diante dos nossos olhos e sentidos. Um homem negro foi morto enquanto pedia por ajuda e era filmado por transeuntes. Importante lembrar que, uma semana antes, um menino aqui no Brasil também foi morto de forma inexplicável dentro da sua casa… ele também era negro! Ele também foi vítima das desigualdades sociais e da desumanização promovida pelo racismo, tão presentes em nossa sociedade contemporânea. Estes não serão os primeiros ou últimos casos, infelizmente! Eles se juntam à imensa lista de vítimas que o racismo e o preconceito fazem diariamente. Homens, mulheres, jovens, crianças não são vistos pelos seus valores humanos, eles são julgados/as e depreciados/as pela cor negra de suas peles.
Diante de todo o sentimento de angústia por conta de uma pandemia que assolou o planeta e que mata milhares diariamente, o Museu de Arte da UFC se sensibiliza profundamente pelos atos de preconceito e racismo vivenciados no Brasil, nos Estados Unidos e no Mundo. Não podemos nos silenciar diante de tanta dor em nosso Planeta!
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Museus – Ibram promoveu sua 18ª Semana Nacional de Museus, em parceria com instituições museológicas em todo território nacional, com eventos online em que se discutiram ativamente os temas relacionados às questões de igualdade, diversidade e inclusão. Estes temas não devem aparecer pontualmente nos museus, mas sim diariamente e cotidianamente.
O Mauc homenageou especialmente Antônio Bandeira, pela passagem do 98º aniversário de nascimento, mas homenageia diariamente os artistas que integram o circuito de longa duração e do seu acervo. A escrita da história dos museus brasileiros dialoga com a história política, econômica e social do nosso país. Neste sentido, cada vez mais estamos engajados em olhar para nossa própria história, formação de acervo e estrutura organizacional, uma vez que a história do Mauc é marcada pela presença de afrodescendentes ou de descendência indígena. Não deixamos esquecer e de lembrar o caso marcante que aconteceu com Chico da Silva, em 1966, quando recebeu a menção honrosa na XXXIII Bienal de Veneza, mas sofreu discriminação por ser um índio analfabeto representando o Brasil.
Nestes dias já tão difíceis de viver, casos como de João Pedro, George Floyd e tantos/as negros/negras, índios/as ou pessoas de orientação sexual fora dos padrões heteronormativos, sofrem pelo pré-conceito e pelo preconceito.
Aproveitemos esses momentos de reclusão, distanciamento e isolamento social para compreendermos o quanto precisamos da empatia, do amor ao próximo e do cuidado com o outro para termos um mundo melhor para nós que estamos aqui e para as gerações futuras. Aproveitemos também para repensar o nosso papel enquanto indivíduos e como instituições e de como temos contribuído ou não para a reprodução de um sistema socialmente excludente e subalternizante.
O Mauc se mantém como uma Casa/Lar do diálogo, da partilha e da congregação dos credos, cores, etnias, orientações e do respeito ao outro e às suas formas de viver e de serem felizes. Assim, celebramos a existência de Bandeiras, Chicos, Florianos, Gadelhas, Nozas, Vitalinos, Mulatos, Caboclos, Mestres e Mestras da Cultura Popular.
Viva a diversidade cultural do povo brasileiro e da humanidade!
Fortaleza, 2 de junho de 2020
Museu de Arte da UFC