Exposições Atuais
O Mauc tem como espaços reservados à exposição nove ambientes destinados às exposições de longa duração e três à exposições de média e curta duração (temporárias).
O atual circuito de longa duração, expografia especial, está distribuída em 5 salas, sendo 2 coletivas: Cultura Popular e Artistas Mulheres no Acervo Mauc; e 3 individuais: Aldemir Martins, Antonio Bandeira e Raimundo Cela.
Na área externa, o painel “Jangadas”, também executado por Zenon Barreto, no mesmo período, compõem o circuito de longa duração do Mauc.
As salas encontram-se organizadas e estruturadas, apresentando ao público os núcleos principais das coleções do museu e da temática de cada sala.
Observação 1: As salas dos artistas Chico da Silva e Descartes Gadelha também compõem o circuito de longa duração, porém atualmente a sala Chico da Silva está desmontada em virtude do empréstimo de várias obras para a Pinacoteca do Ceará, as quais integram mostra em homenagem ao artista, enquanto que as obras do artista Descartes Gadelha estão em cartaz, até 06 de outubro, no circuito de curta duração com mostra em homenagem aos seus 80 anos (veja abaixo).
Observação 2: As Salas Os Fundadores, Arte Cearense e Arte Estrangeira que integram o circuito de longa duração estão temporariamente desmontadas.
Circuito de longa duração

Sala Os Fundadores
Sala Os Fundadores [temporariamente desmontada]:
Integram esta sala, as obras do artista maranhense e primeiro diretor do Mauc, Floriano Teixeira, obras dos artistas cearenses Heloysa Juaçaba e Sérvulo Esmeraldo, e do artista carioca Oswaldo Teixeira, retratando o primeiro Reitor e criador da Universidade e do Museu, Professor Martins Filho.

Sala Arte Cearense
Sala Arte Cearense [temporariamente desmontada]:
A sala apresenta 27 obras de 26 artistas cearenses que fizeram arte no Ceará e que ao longo de suas trajetórias expuseram aqui no Mauc. Nesta primeira homenagem da sala destacamos o casal Nice e Estrigas, Barrica, José Fernandes, Zenon Barreto, Barboza Leite, Ademar Albuquerque, Nearco Araújo, Sérgio Lima, Sebastião de Paula, Francisco de Almeida, José Tárcísio, Roberto Galvão, Stênio Burgos, entre outros.

Sala Arte Estrangeira
Sala Arte Estrangeira [temporariamente desmontada]:
A sala apresenta gravuras de artistas que participaram da Escola de Gravadores de Paris, as Heliogravuras de Rembrandt, Dürer, Lucas de Leide e Schoungauer, as Xilogravuras da Escola de Ukiyo-e (reproduzidas pela Unesco na década de 50), além das pinturas de Jean Pierre Chabloz e Bousquet e o busto de Chabloz feito pelo escultor polonês Rainer.
Sala Cultura Popular:
A Cultura Popular Nordestina está apresentada nesta sala através das esculturas em madeira, barro e cerâmica, assim como as matrizes e as estampas de xilogravuras. Neste espaço, destacamos Mestre Vitalino e seus discípulos; Mestre Noza, Chico Santeiro, Joaquim Mulato, Maria e Ciça do Barro Cru; as irmãs Cândido; e os velhos e novos xilogravuristas da região do Juazeiro.
Sala Chico da Silva [temporariamente desmontada]:
(Alto Tejo AC 1910 – Fortaleza CE 1985). Pintor, inicia desenhando a carvão e giz sobre muros e paredes no Pirambu. Descoberto na década de 40, pelo artista plástico suíço Jean Pierre Chabloz, inicia-se na técnica de pintura à guache. Entre 1961 e 1963, trabalha no MAUC. Nesta sala estão expostos os 12 quadros que participaram da Bienal de Veneza de 1966 e que receberam a Menção Honrosa.
Sala Aldemir Martins [expografia especial]:
(Ingazeiras CE 1922 – São Paulo SP 2006). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador. A sala conta com desenhos, litogravuras, serigrafias, esculturas e pinturas representando os tipos nordestinos e figuras do imaginário nacional, a fauna e a flora, sobretudo galos, cangaceiros, rendeiras, gatos, flores e frutas em linhas sinuosas.
Sala Antonio Bandeira [expografia especial]:
(Fortaleza CE 1922 – Paris, França 1967). Pintor, desenhista, gravador. Inicia-se na pintura como autodidata, depois muda-se para o Rio de Janeiro e Paris. Esteve presente na exposição de inauguração do Mauc e em sua sala conta com pinturas, desenhos, guaches e gravuras abstracionistas.
Sala Raimundo Cela [expografia especial]:
(Sobral, Ceará, 1890 – Niterói, Rio de Janeiro, 1954). Pintor, gravador, professor de gravura em metal. Com formação em Ciências e Letras pelo Liceu do Ceará, muda-se em 1910 para o Rio de Janeiro. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes e entre 1920 e 1922, viaja a Paris para aperfeiçoar-se. Suas obras retratam a família e os amigos, a paisagem e as figuras populares do Ceará.
Sala Descartes Gadelha [temporariamente desmontada]:
(Fortaleza, Ceará, 1943). Pintor, desenhista, escultor e músico. Expressionista, retrata em sua obra as temáticas sociais, culturais, religiosas e literárias da sociedade cearense. Apresenta através de desenhos, pinturas e esculturas a desigualdade social, a devoção fervorosa a São Francisco das Chagas e ao Padre Cícero; a formação do Arraial de Canudos sob a liderança de Antonio Conselheiro, o universo dos catadores do Jangurussu e os contos de Moreira Campos.
Observação: as obras do artista Descartes Gadelha estão em cartaz, até 06 de outubro, no circuito de curta duração com mostra em homenagem aos seus 80 anos (veja abaixo).
Circuito de curta duração (temporárias)
Descartes Griô Profeta
Descartes: – “O crepúsculo passa. Ninguém percebe. Na fome não existe poesia.”
Eu: – “Não, Descartes, toda poesia vem da fome! Sem fome não há arte, nem o belo, nem o sublime (= confrontar o terrível e sair ileso!). É essa a perversão que sustenta toda a existência humana e toda arte. Já dizia a sibila Diotime a Sócrates que Eros (força de vida!) é filho da penúria com a abundância. Toda criação nasce do desejo, portanto, da falta: a pobreza é a mãe da invenção, alerta o provérbio. Qualquer poiesis advém da luta constante entre contrários, como na tua pintura: tuas figuras, teus temas, tuas técnicas, tuas cores, teus gestos. Mas sei que ironizas. Tua pintura contradiz-te. Com chorume, tinta fétida, ácida e mortal, pintaste nossas misérias e mazelas, o limbo ao qual a cidade, por não saber partilhar, por não ser fraterna, por não suportar a alteridade, relegou tantas almas; uma política de morte; pintaste – releve a paráfrase dejá vu e óbvia, mas ainda justa – nossas flores do mal; e, vê, pois é exatamente aí, na comparação gasta, que jaz tua fina ironia: na gênese do étimo, chorume vem de “chor”, uma forma arcaica e dialetal de “flor” e referia-se à flor do leite, à nata (a nata do lixo?), depois, por derivação, à riqueza, opulência, abundância… A fartura da tua arte – “Tudo aqui é excessivo, chocante, uma sucessão de socos no estômago, que nem todos aceitam de bom grado receber”, como disse de ti Gilmar de Carvalho –, sem estetizações fáceis, recupera a potência política daquilo que o modo de produção e consumo capitalista considerou – humanos, animais, paisagens, objetos, modos… – resto, lixo, chorume. És o profeta daqui; de hoje. Falas de… digo, pintas, não um futuro distópico, apocalíptico, como fez o beato em Canudos, mas as já ruínas (o lixão?) do presente; a profecia de Lourenço perfeita.
“Em verdade, vos digo, nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lc 4, 24), bíblico, mas é um sentimento ambíguo que a cultura nutre pelos que lhe mostram o espelho de Oxum, reflexo sem deformações da alma, para o bem e para o mal. Não refusa a imagem por distorcer o refletido, porque mente, todavia porque a figura que mostra é hiper-realista. Mais que paúra, amalgamando medo e reverência, teme-os.
Tua obra é terrível!
Só se teme o respeitável. Os tambores, o maracatu, a música, a pintura, a prancheta, a poesia, a fé, a experiência – vórtice do todo vivido; encarnação – te autorizam. Trata-se uma autoridade adensada pelo tempo (oitenta anos não são oitenta dias…), pelo compromisso com a memória, os saberes ancestrais e sua transmissão generosa, pelo querer o bem-comum; performativa, na medida em que, estribada na tradição, produz o presente (Zumthor). Isso faz de ti um griô (pote de saber) do Ceará.
Profetas, contudo, não desejam nem realizam o que vaticinam. Fosse assim, não passariam de urubus em torno da carniça. Nem sua voz é um pio de rasga-mortalha, ave agourenta. O futuro profético diz mais do presente. É uma convocação do que precisa ser feito agora para adiar o fim (Krenak); um clamor por justiça: caô cabiecilê!; um gesto de esperança.
Toda tua obra é isso, Descartes, um ato de fé em nós!”
Wellington Jr. (Tutunho)
Curador
[Em Descartes Griô Profeta, exposição comemorativa aos oitenta anos do artista cearense Descartes Gadelha, o Mauc expõe obras doadas ao museu pelo artista entre os anos de 1970 e 2018. Diante do recorte inevitável, a seleção privilegiou pinturas e esculturas em detrimento de estudos, desenhos, gravuras. As coleções “Caldeirão de fé”, “Cicatrizes submersas”, “Catadores do Jangurussu”, “Cheiradores de cola”, “Iracemas, morenos e coca-colas”, “De um alguém para outro alguém” compõem um atlas mais amplo possível da produção de Descartes Gadelha, desde os anos de 1970 até 2018, a partir exclusivamente do acervo do Mauc. A opção por não identificar as obras ao longo do percurso expositivo propõe uma relação mais imediata com as obras e a expografia, aqui, baseada em processos de obliteração e acumulação: Capela Sistina, salões de arte oitocentista, ateliês, igrejas barrocas, paredes votivas, carnaval, a banca do camelô!]
SERVIÇO
Exposição “Descartes Griô Profeta”
Curadoria de Antonio Wellington de Oliveira Júnior (Professor Associado da UFC), Eliezer Nogueira do Nascimento Júnior (Doutor em Design ESDI/UERJ) e Joubert de Albequerque Arrais (Doutor em Comunicação e Semiótica PUC/SP)
Abertura: 17.06.2023 – sábado, das 9h às 13h
➡️Em cartaz no Mauc até 06 de outubro de 2023
Funcionamento Mauc
Segunda a sexta-feira (exceto feriados) – das 8h às 12h e das 13h às 17h
Em sábados previamente divulgados – das 9h às 13h
Av. da Universidade, 2854 – Benfica
Aberto ao público | Entrada e estacionamento gratuitos
Observação: para visita de grupos com mediação pelo Núcleo Educativo do Mauc é necessário agendar através do formulário disponível no menu “Visitas Mediadas“