ADSUMUS- nova exposição temporária no Mauc
Data da publicação: 14 de julho de 2021 Categoria: Abertura de Exposição“ADSUMUS” aqui estou, atento !
Nestes tempos de incerteza, a arte minimalista encontra um lugar indispensável, porque volta ao essencial, com a economia de formas e cores. Túlio Paracampos tem uma forte ligação com a arquitetura, o design, mas também com a natureza, nos elementos naturais, a luz e a síntese visual dos elementos orgânicos. Trabalha em torno de formas geométricas como o quadrado e o círculo com os quais ele desconstrói e recompõe sobre o tema da origem, do divino ou do início, numa busca para querer expressar a conexão entre a condição humana e as formas globais do universo. A repetição do vocabulário geométrico em diferentes composições de cores, formatos e materiais, são parâmetros com os quais o artista explora o que constitui uma pintura e, aliado à prolongada improvisação, estabelece uma estrutura em que cada composição se resolve. Na sua pintura ele trabalha com várias camadas finas de tinta e as imagens vão ganhando corpo com o tempo, misturando as técnicas principalmente com tinta acrílica e a óleo sobre tela e experimentar para obter novas ideias, novos caminhos. Em um conjunto de composições de pequena e média dimensão com pinturas acrílicas, gravuras, aquarelas, desenhos e objetos, o trabalho do artista foca amplamente em
dualidades como “espaço pictórico implícito versus espaço real”, “significado versus absurdo”, “estrutura versus improvisação”. Alcançando assim fenomenologias formais que partem do minimalista, mas atingem a complexidade perceptiva.
“Adsumus”, expressão do baixo Latim que significa “estamos presentes”, “aqui estamos”, e remete imediatamente à prontidão, à presença. Contudo, há outro significado mais profundo para “adsumus”, sendo também uma oração.
“Adsumus”
“Não permitais nunca que sejamos perturbadores da justiça, Vós que sois a infinita equidade; não permitais que a ignorância nós induza ao mal, que as honrarias nós curvem, que os interesses morais e materiais nós corrompem”. Surge, então, uma relação direta com as obras expostas e o texto da oração que chama a não nos perdermos desnecessariamente em falsos caminhos e convida a mantermos unidos e a nos conectarmos com o fundamental, com o essencial. Como afirmou Kandinsky: “vamos parar de nos perder em nossos ruídos”. Assim, o círculo e o quadrado têm um significado de universalidade e a abstração tende à unidade e responde a uma necessidade interior. “O primeiro de tudo é a matéria!”
Em conexão com o universo da exposição de Túlio Paracampos estão expostas peças em madeira da coleção de Demar Guerra que acompanham as instalações de obras de cerâmica e metal. A abordagem do artista ambientalista se conecta com a pesquisa de Túlio Paracampos, pois para ambos se trata da permanência da expressão no sentido da natureza do universal ou do sagrado. Existe uma ligação na forma porque vemos uma complementaridade na ocupação do espaço do Museu, é um diálogo de formas, uma resposta adequada entre os dois universos.
“Um protesto contra a devastação desenfreada que acontece agora. Abrir o olho, agora ou nunca, já é tarde. Antes arte do que tarde!” O artista ambiental Demar Guerra denuncia com sua ação de recuperação do lixo das florestas calcinadas da Amazônia (um protesto contra a devastação desenfreada que acontece agora) em que o material de madeira não deve ser explorado enquanto suporte criativo, porque é a entidade que faz sentido e não uma característica que é extraída por fins lucrativos. É nesta aspiração orgânica minimalista dos dois artistas, um ao compor formas geométricas e outro ao recuperar as formas produzidas pela natureza e abandonadas pelo homem,
os dois são encantados na maravilha destas formas puras da natureza, do sentido profundo e significativo que há na natureza, e assim se reúnem numa expressão minimalista no mesmo amor pelas as formas puras.
Este encontro com os dois artistas no convida a reconsiderar as outras formas de vida para nos separarmos dos inúteis e de certo egocentrismo. O que nos leva a pensar em relação ao minimalismo que nos é apresentado: que há um movimento paralelo que ocorre em uma parte da sociedade que questiona o nosso modo de vida e seu excesso, o consumo excessivo, a destruição do natural, desperdícios, demasiada informação. E em face aos excessos, sonhamos com um retorno à simplicidade e serenidade.
Fonte: o artista
SERVIÇO
Exposição ADSUMUS
Aberta ao público
Segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 13h às 17h
O Museu de Arte da UFC está situado na Av. da Universidade, 2854, no cruzamento com a Av. 13 de Maio.