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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1993.01 – Serigrafias de Rubem Valentim – 18/05/1993

“…sobretudo os objetos e instrumentos do culto nagô-gegê. Encontro consciente com o oxê de Xangô: o machado duplo, do mesmo eixo central, recriado por mim posteriormente, e transformado em forma fundamental da minha pintura. O xaxará de Omolu, o ibiri de Nãnã, o abebê de Oxum, os símbolos de ferro de osanche e de Ogum, o pachoró de Oxalá. (…) A organização compositiva, quase geométrica, dos pegis. Um amor imenso a todas as coisas orgânicas. As contas e colares coloridos dos Orixás”…

Rubem Valentim

 

Forma e Cor Essencial

De todos os meios que Valentim utilizou para nos iluminar com seus emblemas/poemas, a serigrafia é de uma perfeição aconchegante e clara para escolher o substrato de sua original geometria. Apesar de afirmar que “O suporte é secundário, o suporte é suporte. O que é mais importante é a poética da linguagem”.

Ele usava este suporte com propriedade absoluta, consciente do democrático alcance de cada reprodução. Foi através de reproduções que entrou em contato com as obras de mestres como Cèzanne, de quem fez a primeira cópia.

Usava-o também para depurar a caligrafia de sua linguagem, construída de uma geometria inteligente e sensível, intuída e recebida da cultura popular da qual sua família foi parte atuante e comum e a fez em rituais religiosos, indo às feiras e festas de largo em Salvador.

Nessa cidade nasceu, nela se fez íntimo dos candomblés, dos becos e de uma marítima liberdade.

Formas/cores brotam dos primeiros sopros de sua formação mestiça/mística/barroca, para os esquemas de suas complexas e depuradas composições emblemáticas.

Diferenciadas combinações nas serigrafias, não só pelo limite das inexistentes texturas das pinturas, estas servirão de base para a obra gráfica, nitidamente herdada dos grafismos de arquétipos/signos/ancestrais.

Estes sinais sedimentados em milênios no universo místico popular, saltam do consciente, tomando-se viável veículo ao caminho da popularização da imagem, tão característica preocupação dos artistas brasileiros de esquerda entre as décadas de 50 e 60, de onde vem a geração de Valentim.

Assim a serigrafia a partir do uso por artistas de seu porte (e outros), torna-se um importante e aceitável suporte/meio para que a meta, linguagem na sua forma intencional atinja também a totalidade metafísica.

No caso Valentim isso é ainda mais nítido, porque a serigrafia é escultura, escultura, pintura, pintura, objeto, objeto desenho.
Tudo um Todo.

Se na pintura fundo e símbolos estão em eterna simbiose, brotam a superfície tátil do olhar e além dele, na serigrafia vira um exercício utilizado para tornar límpida a idéia básica de seus símbolos.

É portanto na década de 70 que apresenta decodificados das complexas e artesanais pinturas, os signos essenciais de seu próprio trabalho.

Como quem recorta e destaca ideogramas de um poema Zen/koan, Valentim apresenta na intimidade de cada LOGOS, MARCA, suas quase “entidades”, concentradas numa única obra: uma serigrafia onde 12 deles moram na simplicidade nua de cor/forma.

Nesta obra, sua heráldica parece pronunciar:
– São daqui que saem todas as combinações possíveis, que nasce o impossível, que se combina o visível ao invisível, para habitarem a carne das pinturas, a pele dos desenhos e o corpo de relevos, objetos e esculturas ou outras obras serigráficas.

No final da década de 80, edita já mais afinado com a técnica e com as “manhas” dos meios de impressão, uma série de serigrafias em grande formato. Nelas Valentim transcreve pinturas fundamentais da mesma década, utilizando recursos bem parecidos com os da pintura, mas muito singulares: superpondo cores e cores, criando assim sombreados, transparências/auras, luminosas ilusões cromáticas/sutis efeitos de rara/vasta beleza.

As combinações de cores nestas obras são ousadas/arrojadas, às vezes quase impossível de habitarem umas com as outras, mas tudo acontece em cenas musicais/harmônicas.

São serigrafias que informam uma pureza quase infantil, afirmam uma maturidade cromática de enorme sabedoria que se casa ao rigor/vigor formal, propondo tankas/altares a deuses nunca vistos e adorados.

Sua obra gráfica por vocação, estabelece diálogos profundos e permanentes com as marcas de todas as civilizações e tempos, os mais diversos.

Elas brilham pela luminosidade contemporânea, podem imprimir no frugal papel, podem piscar no elétrico futuro.
Quem sabe disso?
– O futuro.

Bené Fonteles
Coordenador do Movimento Artistas pela Natureza
e curador das exposições Valentim 22/92
“Antes arte que tarde”. Brasília, setembro de 92


Rubem Valentim

Nasce em 9 de novembro de 1922, em Salvador, Bahia. Autodidata, começa a pintar ainda criança. Forma-se em Odontologia em 1946, exercendo a profissão por dois anos. De 1948 a 1953, cursa Jornalismo na Universidade da Bahia com ênfase em História da Arte, Ciências Humanas, Cultura Negra e Manifestações Artísticas Regionais.

Ganha prêmio de viagem ao exterior no XI Salão Nacional de Arte Moderna (1962). Reside em Roma de 1963 a 1967. Viaja pela Europa interessando-se principalmente pela Arte Negra e dos Povos Primitivos. Participa do I Festival Mundial de Arte Negra em Dacar, Senegal (1966). Retorna ao Brasil residindo em Brasília de 1967 a 1988.

Seus últimos trabalhos são realizados em São Paulo onde falece em dezembro de 1991.

O retrato de Rubem Valentim foi reproduzido do catálogo da exposição “Mito e magia na arte de Rubem Valentim”, ocorrida na Fundação Cultural do Distrito Federal (Brasília), de 31/maio a 25/junho/1978. Este catálogo consta do acervo do MAUC.


Principais Prêmios

1955. Prêmio “Universidade da Bahia” – Salão Baiano de Belas Artes – Salvador – BA
1960. Prêmio de “Aquisição” da Federação Nacional das Indústrias – Salão Nacional de Arte Moderna – Rio de Janeiro – RJ
1961. Primeiro Prêmio (com Milton Dacosta) – Salão da Petit Galerie – Rio de Janeiro – RJ
1962. “Prêmio de Viagem ao Estrangeiro” – XI Salão Nacional de Arte Moderna – Rio de Janeiro – RJ
“Medalha de Ouro” – Salão Paulista de Arte Moderna – São Paulo – SP
“Prêmio da Crítica” – Associação Internacional de Crítica de Arte, Seção Brasileira – Melhor Exposição do Ano – Rio de Janeiro – RJ
1966. “Prêmio Especial pela Contribuição à Pintura Brasileira” – I Bienal Nacional de Artes Plásticas – Salvador – BA
1967. “Prêmio Aquisição Itamarati” – IX Bienal de São Paulo – SP
Prêmio da Crítica VI Resumo de Arte do Jornal do Brasil – Rio de Janeiro – RJ
1970. Prêmio da Crítica IX Resumo de Arte do Jornal do Brasil – Exposições individuais realizadas no Rio de Janeiro – RJ
1973. “Prêmio Aquisição Itamarati” – XII Bienal de São Paulo – SP Primeiro Prêmio “Viagem à Europa” – I Salão Global de Primavera da Rede Globo – Brasília – DF
1975. Grande Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo – “Objeto” – “Panorama Atual da Arte Brasileira” – Museu de Arte Moderna de São Paulo – SP
1976. Prêmio Fundação Bienal de São Paulo (1º Prêmio) – Bienal Nacional de São Paulo – SP


Principais Exposições Coletivas

Bienais de São Paulo, Veneza, Salvador, Nuremberg, Medellin e Havana. Mostras em Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Chicago, Dacar, Lagos, Los Angeles, Nova Iorque, Ontário, Roma, Santiago, Tóquio, etc.

Obras em Coleções Públicas

Museu de Arte Moderna, SP, Brasil
Museu de Arte Contemporânea, SP, Brasil
Museu de Arte Moderna, RJ, Brasil
Museu Nacional de Belas Artes, RJ, Brasil
Galeria Nationale d’Arte Moderna, Roma, Itália
Museu de Ontário, Canadá
Palácio Buriti, Brasília, DF, Brasil
Biblioteca Municipal, SP, Brasil
Palácio Residencial do Governo da Bahia, Salvador, Bahia
Palácio do Governo do Zaire, Kinshasa, África
Embaixada do Brasil, Roma, Itália
Palácio Doria Pamphili, Roma, Itália
Embaixada do Brasil, Bogotá, Colômbia
Sedes do Banco do Brasil no país
Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil
Museu de Arte e História de Genebra, Suíça
Museu de Arte Moderna, Paris, França
Museu de Lagos, Nigéria, África
Coleções Particulares no Brasil e no Exterior
Painel Emblemático – 120 m², nas Fachadas do Edifício da Novacap – Brasília-DF, Brasil (1972)
Painel Emblemático – 56 m², Palácio Itamarati, Brasília-DF, Brasil (1974)


Exposições Individuais

1954. Palácio do Rio Branco, Salvador, BA
– Galeria Oxumaré, Salvador, BA
1961. Petit Galerie, Rio de Janeiro, R J
– Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, SP
1962. Galeria Relevo, Rio de Janeiro, RJ
1965. Galeria de Arte da Casa do Brasil, Roma, Itália
1967. Galeria do Hotel Nacional, Brasília, DF (sob o patrocínio do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília)
– Galeria Bonino – Rio de Janeiro, RJ
1970. “31 Objetos Emblemáticos e Relevos Emblemas de Rubem Valetim” – Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília-DF e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
1971. Galeria Documenta – São Paulo, SP
1973. Galeria Ipanema – Rio de Janeiro, RJ
1974. “Emblemas Serigráficos de Rubem Valentim” – Porta do Sol Galeria de Artes – Brasília, DF
1975. “Panorama da Arte de Rubem Valentim”- Fundação Cultural do . Distrito Federal- Brasília, DF
– Galeria “Bolsa de Arte”, Rio de Janeiro, RJ
1976. Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, MT
1978. “Mito e Magia na Arte de Rubem Valentim” – Fundação Cultural do Distrito Federal. Brasília, DF e Galeria Bonino . Rio de Janeiro, RJ
1980. “Variações Meta-Sígnicas Visuais” de Rubem Valentim – Fundação Cultural do Distrito Federal- Brasília, DF
1986. Performance Galeria de Arte – (Mostra com Athos Bulcão) – Brasília, DF
1987. Versailles Galeria de Arte – Rio de Janeiro, RJ
1988. “Pinturas Emblemáticas” – Versailles Galeria de Arte – Rio de Janeiro, RJ
1989 e 1990. Sala Mira Schendel – São Paulo, SP
1990. Circuito Paulista de Arte Contemporânea – São José do Rio Preto, Bauru, Campinas, Ribeirão Preto, SP
1991. Galeria do Sol- São José dos Campos, SP
– The Brazilian American Cultural Institute – Washington, DC- USA
1992. Fundação Cidade da Paz, Granja do Ipê, Inauguração do Espaço Cultural Rubem Valentim – Rubem Valentim, 1922/1991 – Em Memória, Brasília, DF
– Galeria do Memorial – Fundação Memorial da América Latina, São Paulo, SP
1992. Museo Nacional de la Estampa. México “Valentim 22/92”
Museu de Arte de Brasília – Palácio Itamaraty -Casa de Cultura da América Latina/UNB – Galeria ECT
Pinacoteca do Estado de São Paulo

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