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Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1963.02 – A Paisagem Cearense – 22/05/1963

(Transcrito do Catálogo)

Imagem da Solenidade de Abertura

A paisagem tem sido fonte de constante inspiração para os pintores do Ceará.  A iniciativa do Museu de Arte, reunindo o que há de mais importante na paisagem cearense, constitui uma primeira oportunidade de visão conjunta da obra de todos, ou quase todos os artistas da terra. A melhor maneira encontrada para apresentá-los foi sua classificação em grupos, ignorando o critério qualitativo, totalmente ausente das cogitações dos organizadores da mostra.

Ottoni Soares, M. Barata, J. Siqueira, R. Vieira da Cunha, R. Melo e Goebel, no primeiro grupo, representam os pintores que, por diversas circunstâncias de vida, hoje exercem atividades às vezes completamente alheias às artes plásticas.

No segundo, representado por Bandeira, Floriano, Inimá, Nearco, Nice e Sérvulo, estão os pintores que, do figurativismo enveredaram pelo abstracionismo. Neste grupo podemos também incluir os da mais recente geração: Descartes, Henrique Barroso, Sérgio e Alberon, que expõem pela primeira vez.

Fiéis ao figurativismo continuam Barboza Leite, Barrica, J. Eduardo, J. Fernandes, Garcia, Murilo Teixeira e Júlio Azevedo, que representam o terceiro grupo de nossa classificação.  Por último, Hermógenes Gomes da Silva, Raimundo Cela e Vicente Leite, todos desaparecidos, integram o quarto grupo convencionado.  Esta exposição reúne 50 trabalhos dentre o que de melhor os seus autores produziram.


(Artistas da Exposição)

1-2 Antônio Bandeira

Imagem da Solenidade de Abertura

Imagem da Solenidade de Abertura

Nasceu em Fortaleza-Ceará. Foi um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, depois Sociedade Cearense de Artes Plásticas (S.C.A.P). Em 1945 viaja para o Rio de Janeiro onde consegue bolsa de estudos em Paris, depois de uma mostra individual no Instituto de Arquitetos do Brasil. Na França desenha no atelier do Professor Narbone e grava no do Professor Galanir, na “Ecole Nationale Supérieure des Beaux Arts”. Freqüenta os pintores de Montparnasse e Saint-Germain-des-Pres, ligando-se a Wols e Bryen, formando os três o grupo “Banbryols” (Ban de Bandeira, Bry de Bryen e Ols de Wols), grupo que nunca chegou a expor em conjunto devido à morte de Wols. Volta ao Brasil onde expõe e executa pinturas murais, até 1954. Ganha o prêmio de viagem ao País no Salão de Arte Moderna. Retorna à Europa com o Prêmio Internazionale Fiat di Torino, obtido na II Bienal de São Paulo. Instala-se definitivamente em Paris. Em 1959 volta ao Brasil. Em 1960 inaugura, com uma exposição individual, o Museu de Arte Moderna da Bahia e toma parte na delegação brasileira à Bienal de Veneza. Inaugura, em 1961, com uma exposição individual, o Museu de Arte da Universidade do Ceará. Muitas de suas obras estão em museus e galerias da Europa e do mundo e em várias coleções particulares.

3-4 Alberon (Manuel Alberon de Sousa Soares)

Autodidata. Iniciou-se na pintura há bem pouco tempo. Emprega em seus trabalhos a mesma tinta que usa em profissão de gráfico. Expõe pela primeira vez.

5-6-7-8-9-10 Barrica (Clidenor Capibaribe)

Cearense do Cariri. Autodidata. Um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, futura Sociedade Cearense de Artes Plásticas (S.C.A.P.). Tomou parte e foi premiado em diversas mostras em Fortaleza. Teve sempre na pintura a sua única fonte de renda, razão pela qual foi um dos artistas mais produtivos da província. Há poucos anos radicou-se no Rio, tendo realizado ali diversas mostras individuais. É muito longa a sua experiência no campo da cerâmica.

11-12 Barboza Leite

Imagem da Solenidade de Abertura

Cearense de Uruoca. Um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, depois Sociedade Cearense de Artes Plásticas (S.C.A.P.). Premiado consecutivamente em quatro Salões de Abril com Medalha de Bronze, Pequena Medalha de Ouro e Grande Medalha de Ouro. Reside atualmente no Rio, dedicando-se ao desenho de capas de livros para diversas editoras.

13-14 Descartes (Descartes Marques Gadelha)

É o mais jovem na pintura cearense. Estréia na presente exposição.

15 E. Pamplona (José Eduardo Pamplona)

Expôs pela primeira vez em 1946, no II Salão de Abril. Participou de outros Salões, recebendo Menção Honrosa e Medalha de Ouro. Atualmente dedica-se à execução de painéis em pastilhas. Entre estes, os principais são os que fez para o Ginásio Santo Inácio, D.N.E.R. e Igreja do Coração de Jesus.

16-17 Estrigas (Nilo Firmeza)

Freqüenta o Curso Livre de Desenho e Pintura da S.C.A.P., em 1950. Toma parte em várias mostras coletivas em Fortaleza. Em 1958 expõe individualmente na Reitoria da Universidade do Ceará. Toma parte no Salão de Belas Artes de São Paulo e é premiado no VIII Salão Paulista de Arte Moderna.

18 Floriano (Floriano de Araújo Teixeira)

Nasceu no Estado do Maranhão. Suas primeiras experiências no campo das artes plásticas foram em desenhos, documentando festas folclóricas e religiosas de seu Estado natal. Em seguida dedicou-se à pintura, executando aquarelas, guaches e óleos. Os temas sociais constituíram sua principal preocupação, e datam dessa época seus pescadores, trapicheiros, mendigos e operários. Em companhia de Cadmo Silva e J. Figueiredo, fundou o “Núcleo Eliseu Viscontti”. Executa uma série de retratos, entre eles os da atriz Morineu e do teatrólogo Renato Viana. Em 1950 vem ao Ceará, onde fixa residência. Aqui tem participado de quase todos os movimentos artísticos, inclusive o que resultou na fundação do “Grupo dos Independentes”. Em 1951 executa o seu primeiro mural, na

Catálogo da Exposição

Catálogo da Exposição

residência do poeta Cláudio Martins. Segue-se então uma série de murais em residências e edifícios públicos. Atualmente trabalha em desenhos, xilogravuras e esculturas.

19 Goebel Weyne (Gustavo Goebel Weyne Rodrigues)

Autodidata. Tomou parte em diversas mostras coletivas em Fortaleza. Foi um dos fundadores do Grupo dos Independentes e um dos líderes do movimento concretista no Ceará. Foi premiado no XIII Salão de Abril. Transferiu-se para o Rio, em 1959, onde fixou residência. Dedica-se às artes gráficas, sendo hoje diretor artístico da revista Módulo.

20 Garcia (Raimundo Garcia)

Um dos fundadores do Centro Cultural de Belas Artes, que deu origem à Sociedade Cearense de Artes Plásticas (S.C.A.P.). Começou a pintar em 1930, tendo tomado parte em 12 “Salões de Abril”, nos quais recebeu prêmios de desenho e aquarela. Tem vários painéis em residências de Fortaleza, sendo de sua autoria a decoração interna do Cine Samburá, feita em 1960. Atualmente se dedica a trabalhos de decoração e à propaganda.

21-22 Henrique (Henrique Barroso)

Estreante. Autodidata. Pinta, eventualmente, desde 1957.

23-24-25 Hermógenes (Hermógenes Gomes da Silva)

Nasceu em Recife. Seus primeiros estudos de pintura foram feitos no Liceu de Artes e Ofícios daquela cidade. Em 1941 fixou residência em Fortaleza. Em 1946 expôs no II Salão de Abril, tendo obtido uma Menção Honrosa. Em 1947 participa do III Salão de Abril, conquistando o 3° prêmio. Foi premiado com Menções Honrosas no Salão de Belas Artes em Recife, em 1951 e 1952. Um dos fundadores do “Grupo dos Independentes”, juntamente com Zenon, Siqueira, Goebel, Floriano, Ottoni Soares, Mário Baratta, Bandeira e do poeta Jairo Martins Bastos. Participou de todas as mostras organizadas pelo grupo. Faleceu em 1954.

26 Inimá (Inimá José de Paula)

Mineiro de nascimento. Iniciou-se na pintura no Ceará. Tomou parte em algumas exposições coletivas em Fortaleza, tendo obtido o 1° prêmio no IV Salão de Abril. Em 1948 viajou para o Sul do País, onde granjeou posição de relevo em sua arte. Participou das mais importantes exposições, no País e no exterior.

Imagem da Solenidade de Abertura

27-28 J.Siqueira (João Maria Siqueira)

Iniciou-se nas artes plásticas desenhando retratos. Foi um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, origem da S.C.A.P.. Participou também da criação do “Grupo dos Independentes”. Muito pouco produziu em pintura, a despeito de seu grande talento. Atualmente se dedica ao cinema, especialmente ao documentário. Neste setor, fez um registro cinematográfico dos acontecimentos mais importantes ligados à vida da Universidade do Ceará, sobretudo em sua fase inicial, filme ainda inédito. Entusiasta do folclore que é, roda uma película sobre “A Rede de Dormir”.

29 J.Figueredo (João Lázaro Figueiredo)

Nasceu no Maranhão. Estudou com Santa Rosa. Participou de várias exposições coletivas, entre as quais o IV Salão de Arte Moderna do Recife, XVII Salão Paulista de Belas Artes e mostras promovidas pela S.C.A.P.. Expôs individualmente no Ministério da Educação e no Museu de Arte Moderna de Rezende. Juntamente com Ferreira Gullar e Luci Teixeira participou do movimento de arte de vanguarda em São Luís. Em 1937 lançou, com alguns intelectuais cearenses, o movimento concretista em Fortaleza. Dedica-se hoje a cenografia, dando sua contribuição ao movimento teatral de Fortaleza, iniciado com a criação do Teatro Universitário.

30-31 Julio Azevedo (Júlio Azevedo)

Cearense, reside em Recife há 47 anos. Autodidata. Fez parte do movimento de pintura com os primeiros artistas que surgiram no Ceará no começo deste século. Pertenceu ao grupo liderado por Raimundo Ramos (Cotoco), juntamente com Antônio Rodrigues e José de Paula Barros. Em 1914 procedeu à decoração do forro da Matriz de Cascavel.

32-33 J.Fernandes (José Fernandes)

Foi discípulo de desenho do pintor Raimundo Cela, tendo se iniciado na pintura em 1948. Tomou parte em diversas mostras coletivas em Fortaleza, recebendo, em 1955, um primeiro prêmio, instituído pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Realizou quatro exposições individuais: três em Fortaleza e uma em Recife. Seus quadros estão em diversas coleções particulares.

34 M.Baratta (Mário Baratta)

Um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, da Sociedade Cearense de Artes Plásticas e do Núcleo Portinari. Tomou parte em diversas mostras coletivas em Fortaleza, sendo premiado no III Salão de Pintura, II Salão de Abril e num dos Salões Paulistas de Belas Artes. Há vários anos abandonou a pintura.

Imagem da Solenidade de Abertura35-36-37-38 M.Teixeira (Murilo Teixeira)

Começou a expor em 1949, no V Salão de Abril. Tomou parte em todas as mostras coletivas realizadas em Fortaleza, obtendo vários prêmios. Em 1952 obtém o primeiro prêmio no II Salão da Sociedade de Cultura Artística do Maranhão. Em 1963 expôs individualmente em Fortaleza, sob os auspícios do então Governador Parsifal Barroso.

39 Nearco (Nearco Barroso Guedes de Araújo)

Amazonense de Manacapuru. Desenha desde 8 anos de idade, tendo começado a pintar em 1960. Em 1962 expõe pela primeira vez, individualmente, no Museu de Arte da Universidade do Ceará, tendo sido bastante elogiado pela crítica.

40-41 Nice (Maria Nice Firmeza)

Em 1950 matriculou-se no Curso de Desenho e Pintura, da Sociedade Cearense de Artes Plásticas. Em 1951 e 1952, como aluna, expôs nos Salões de Abril daqueles anos. Foi premiada no II Salão dos Novos. Tomou parte em diversos Salões de Abril. Em 1960 participa da I Mostra de Vanguarda, ligada ao movimento concretista.

42 O. S. (Ottoni Soares)

Ingressou no movimento artístico de Fortaleza por volta de 1949. Começou a expor em 1952, no I Salão dos Independentes , grupo de cuja criação participou. Ainda em 1952 tomou parte o II Salão da Sociedade de cultura Artística do Maranhão, obtendo Menção Honrosa. Reside atualmente em Brasília.

43 R. V. C.  (Raimundo Vieira da Cunha)

Autodidata. Tomou parte poucas vezes em mostras coletivas, recebendo Menção Honrosa em 1940, no VI Salão de Abril. Desde então abandonou a pintura.

44-45Imagem da Solenidade de Abertura R.Melo (Raimundo José Faria de Melo)

Estudou em 1951 nos cursos de desenho e pintura da Sociedade Cearense de Artes Plásticas. Tomou parte no I e II Salão dos Novos, sendo premiado no último, em 1953. Abandonou a pintura em 1959.

46-47 Sérgio (João Sérgio de Sousa Lima)

Estreante. Um dos novos mais promissores. Frequentou, em 1960 e 1961, o curso de desenho e pintura de Zenon Barreto.

48 S. Esmeraldo (Sérvulo Esmeraldo)

Nasceu no Crato. Tomou parte em diversas exposições coletivas, desde 1950, no VI Salão de Abril. Individualmente expôs, em 1950, na Sociedade de Cultura Artística do Crato; no Clube dos Artistas de S. Paulo, em 1956; no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1957; na Reitoria da Universidade da Universidade do Ceará, em 1957 e 1959; e no MAUC em 1962, afora muitas outras exposições em galerias da Europa, onde reside atualmente. Suas obras figuram em museus e coleções particulares da Europa, Estados Unidos e América Latina.

49-50 R. Cela (Raimundo Cela)

Cearense de Camocim. Arquiteto. Não se tem notícia de quando começou a pintar. Deixou sua terra natal, fixando sua residência em Niterói, onde faleceu em 1955. Tomou parte em diversas exposições coletivas no Sul do País, obtendo o prêmio de viagem à Europa em 1917, no Salão Nacional de Belas Artes.

Para a organização da presente mostra, o Museu de Arte da Universidade do Ceará não contava, em seu acervo, com trabalhos suficientes à visão conjunta pretendida pela exposição. O MAUC agradece a colaboração dos artistas participantes e colecionadores (Senhora Haroldo Juaçaba, Senhora Horácio Marques, Senhora Aderbal N. Freire e Escritor Milton Dias), que gentilmente cederam a maioria das telas ora apresentadas.

 


Catálogo da Exposição A Paisagem Cearense 1963

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