Exposição 1966.01 – Reproduções de Vincent Van Gogh – 17/03/1966
(Transcrito do Folder)
Vincent Van Gogh nasceu em Groot Zundert, na Holanda, em março de 1853. Seu pai, Teodoro Van Gogh, era pastor evangelista. Sua mãe se chamava Ana Cornelia Carbentus. Vincent era o mais velho dos seus seis irmãos. Com 16 anos, depois de terminar os seus estudos correntes, ingressou numa sucursal, em Haia, de uma galeria francesa de arte, onde se mostrou, a princípio, empregado modelo.
1872 – Veio a Bruxelas (Bélgica). No mesmo ano, ao unir-se com sua família em Oosterwych, estreitou os laços afetivos com seu irmão Théo, que no ano seguinte empregou-se também na galeria, sucursal em Bruxelas, em 1873, enquanto Vicent era enviado a Londres onde começou os primeiros ensaios de desenho, iniciando-se a correspondência entre os irmãos. Em Londres, Vicent sentiu a sua primeira decepção amorosa; desde então começou a negligenciar no emprego, o que motivou, em 1875, sua dispensa da sucursal em Paris, onde se encontrava desde 1874. Neste mesmo ano, encontrando-se em Helvoirt para onde fora transferido seu pai, Vicent desenhou com afinco (embora sua vocação houvesse despertado quando com 20 anos, somente em 1880 resolveu definitivamente dedicar-se à pintura). 1875 – Despedido da galeria de arte, Vicent conseguiu no mesmo ano um lugar de professor de francês em uma escola de Ransgate – Inglaterra, transferindo-se pouco depois a Islewort, quando começou o episódio religioso de sua vida, influenciado pelo pastor Jones, cujo exemplo levou-o a dedicar-se ao sacerdócio. Durante pouco tempo foi predicador, contratado por Jones, mas este mister exigia tanto de conhecimentos teológicos como de eloqüência natural e estes lhes faltavam. Regressou a Holanda em 1876, onde trabalhou em uma livraria de Dordrecht. Levado pelo que cria ser uma vocação religiosa, em 1877 transferiu-se a Amsterdam, onde cursou de maio deste ano a julho do ano seguinte a Faculdade de Teologia da Universidade local. Sentindo-se incapaz de manter o enorme esforço que exigiam os estudos, abandonou a Faculdade em 1878 e optou por simples predicador, sem aspirar ao título de doutor de Teologia. Com tal objetivo ingressou na escola preparatória evangelista de Bruxelas. Pouco depois lhe foi confiada a missão honorária na Bonnage, região carbonífera de Wolonia. Residiu em pouco menos de dois anos em Paturajes, Aresmes Wasmes, dedicando-se com paixão, porém sem êxito, à tarefa evangelizadora. Compartilhava da vida miserável dos mineiros, vivendo na mais negra indigência apenas à custa do pouco dinheiro que lhe enviava seu irmão Théo.
Em uma patética missiva em julho de 1880, expôs a Théo seus anseios artísticos e o irmão, com admirável grandeza d’alma, resolveu ajudá-lo. Em outubro do mesmo ano Vicent se instalou em Bruxelas, onde começou a estudar seriamente desenho e anatomia. Em 1881 trabalhou em Etten, nova residência de seus pais e, em 1882-1883, em Haia, onde recebeu a orientação do pintor Antônio Mauvé. Neste período apaixonou-se sem ser correspondido por uma viúva sua prima, época em que também teve uma dostoiewskiana aventura com Cristina, levado por um sentimento humanitário. Quando rompeu com Cristina (ao que parece, por intervenção de Théo), viajou para a província de Dreuthe, em Nova Amsterdam, onde realizou obra copiosa durante um trimestre.
De março de 1886 até fevereiro de 1888 os dois irmãos viveram juntos em Paris. Foi uma época capital na vida do pintor, quando teve oportunidade de conversar trocando idéias sobre os problemas da arte moderna, da qual antes tão temeroso foi tomado de grande entusiasmo pela forma de expressão.
Ainda em 1888, sempre mantido economicamente por Théo, instalou-se em Arles, seduzido pela luminosidade da Provença. Ali na vizinha localidade de Saint-Remy realizou em pouco mais de dois anos, entre março de 1888 e maio de 1890, a obra prodigiosa que o imortalizou.
Encontrando-se em fins de dezembro de 1888 em companhia de Paul Gauguin, que, com ajuda de Théo, veio da Bretânia onde se encontrava em tremenda miséria – Vicent sofreu um ataque de loucura no curso do qual cortou a orelha direita, indo ofertá-la a uma mulher de má vida, como prova do seu amor.
Internado por breve prazo em um hospício de Arles, volveu a casa e ao trabalho, porém logo veio-lhe a segunda crise e em maio de 1889 se internou voluntariamente no manicômio de Saint-Remy, onde continuou pintando, fazendo interpretações sobre as obras de Millet, Delacroix e outros, o que bem pode revelar a sua doença mental, não desmerecendo entretanto a sua produção anterior.
Nos últimos dias passados em Saint-Remy foi quando Théo logrou vender à pintora belga, Ana Boch, “A vinha roxa”, o seu primeiro e único quadro que em vida conseguiu comprador. Em fins de maio de 1890 Vicent passou de Saint-Remy a Auvers-Sur-Oise (antiga residência de Daubigny e Cézanne). Nesse lugar, perto de Paris, continuou trabalhando com liberdade, sob a assistência médica do doutor Gachet, excelente médico e grande apreciador da arte. Em 27 de julho desse mesmo ano, sentindo aproximar-se nova crise, Van Gogh resolveu por fim às suas doenças e apreensões, disparando uma bala no peito.
Faleceu em plena consciência, na madrugada de 29 e julho de 1890, com a idade de 36 anos. Théo morreu de paralisia em janeiro do ano seguinte. E os irmãos sempre muito unidos em vida repousam lado a lado em um pequeno cemitério de Auvers.
… O ideal seria ter eu um temperamento suficientemente forte para viver 80 anos e, com isso, um sangue que seria verdadeiramente bom sangue. Se ao menos pudesse sentir que viria uma geração de artistas mais felizes, isso me consolidaria.
(Trecho de uma carta de Vicent a Théo – Arles 10/3/1888).
Obras Expostas
Coleção Antônio Martins Filho
1. Visita do Mar – óleo s/tela – 1888
2. O Vergel Rosado – óleo s/tela – data: 1888
Coleção Francisco Martins
3. A Igreja em Auvers – óleo s/tela – 1890
4. O Homem do Cachimbo (retrato do artista) – óleo s/tela – 1889
5. Pessegueiro Florido – óleo s/tela – 1888
Coleção Paulo Elpídio de Menezes Neto
6. Os Girassóis – óleo s/tela – 1888
7. As Botas – óleo s/tela
8. Entrada para o Jardim Público de Arles – óleo s/tela – Arles – 1888
9. Rua Pavers – óleo s/tela
Coleção Antônio Martins Pompeu
10. Camponesa apanhando Trigo – óleo s/tela – – data: 1889
Coleção Haroldo Juaçaba
11. Comedores de Batatas – óleo s/tela – Borinage – 1885
12. As Botas
13. A Cadeira Amarela com Cachimbo – óleo s/tela – Arles dez-jan – 1888-1889
14. Carreta c/ciprestes – óleo s/madeira – Saint-Remy – 1890
15. Velho Aldeão – óleo s/tela – Arles – 1888
16. A Moça (La mousme) – óleo s/tela – Arles – 1888
17. A Ponte Elevadiça – óleo s/tela – Arles – maio de 1888
18. Père Tanguy – óleo s/tela – Paris – 1887
19. Auto-retrato – óleo s/tela – 1889
20. Aldeia em Auvers – óleo s/tela – Auvers – 1890
21. Girassóis – óleo s/tela – dim.:0,93×0,73 – 1888
22. Barcos em Santa Maria – óleo s/tela – Sanat Marta – 1888
23. Natureza Morta – óleo s/tela – 1888
24. Café noturno em Arles – Guache – Arles – 1888
25. Paisagem c/oliveiras – óleo s/tela – 1889
26. O Semeador – óleo s/tela – 1888
27. Aldeão plantado – desenho
28. Aldeão plantado – desenho
Coleção Zenon Barreto
29. Campo de Trigo com Corvos – óleo s/tela – 1890
Coleção Sérgio Lima
30. Auto-retrato – óleo s/tela – 1887
31. A Colheita em Provença – óleo s/tela – 1888
Coleção Milton Dias
32. O Café à tarde – óleo s/tela – 1888