Exposição 1976.02 – A Pintura não Figurativa – 02/06/1976
Esta exposição não pretende apresentar uma história nem um panorama completo da arte não figurativa. Tendências importantes como a abstração geométrica, a arte óptica etc. estão ausentes, e a ordem da apresentação dos quadros não procura sugerir uma cronologia.
Procuramos sobretudo constituir o suporte de uma reflexão e a não figuração (termo que preferimos ao de abstração) e sobre a ausência de fronteiras definidas entre estas duas concepções de pintura. Daí a presença de certo número de obras que sugerem, a nosso ver, que o germe da não figuração existe na sensibilidade impressionista, na recomposição cubista do real, na coloração onírica da arte surrealista.
O debate do figurativo e do não figurativo coloca em causa a noção do real e de sua representação, debate próprio da arte ocidental que, desde o fim da Idade Média, se construiu sobre a base da representação do mundo sensível através da técnica da perspectiva e da ciência anatômica. Se queremos situar o problema da não figuração em sua verdadeira perspectiva, não devemos esquecer que esta tendência, afirmada entre nós após uma longa luta, é, por outro lado, a expressão espontânea de certas culturas primitivas, bem como das artes gráficas do Médio e do Extremo Oriente.
A ausência de documentos não permitiu, infelizmente, expor estes aspectos não europeus da não figuração, e estamos portanto limitados à apresentação de obras mais familiares à nossa sensibilidade, com a esperança de que a reflexão que nascerá de sua confrontação esclarecerá os problemas da impossibilidade de um realismo absoluto, da não contradição entre real objetivo e subjetividade criativa, e da ambiguidade do concreto e do abstrato.
(Texto fornecido pela Aliança Cultural Franco-Brasileira)
Obras Expostas
1. O Outono – Arcimboldo
2. Busto de Mulher – Pablo Picasso
3. Os Futebolistas – Nicolas de Stael
4. Paisagem – William Joseph Mallord Turner
5. Nénuphars – S. William Hayter
6. Manhã de Maio – Alberto Giacometti
7. Carnaval de Arlequim – Juan Miro
8. Depois de mim o sono – Bruhl Max Ernst
9. Dia de Lentidão – Yves Tanguy
10. As nuvens e a Fuga do Dalai – Lama – Hundertwasser
11. Cidade de Ouro – Mark Tobey
12. Pintura 1952 – Miró
13. Composição – Miró
14. Formas Circulares – Robert Delaunay
15. Cruzeiro do Sul – Roger Bissière
16. Vermelho, Preto, Laranja – Bissière
17. Improvisação XIV – Wassily Kandinsky
18. Improvisação – Kandinsky
19. Aleluia I – Alfred Manessier
20. Noite Azul – Paul Klee
21. Sonoridade Antiga – Klee
22. Composição – Klee
23. Aquarela 972-A – Maurice Esteve
24. Pintura 16 de julho de 1961 – Pierre Soulages
25. Composição – Sergei Poliakoff
26. Zoroastro – Georges Mathieu
27. Homenagem a Guilherme Dufay” – Mathieu
28. Os Capetíngios em toda Parte – Mathieu
