Exposição 1979.06 – Daisy – 12/12/1979
(Transcrito do Catálogo)
Existem alguns ensaios sobre a história das Artes Plásticas no Ceará. São encontrados na apresentação de catálogos de exposições: Salões Nacionais, Salões de Abril, I Salão Histórico de Arte Cearense. Pesquisa mais aprofundada evitaria a surpresa de, na I Individual de uma artista cearense, no Ceará, estarmos assistindo ao desenvolvimento plástico, iniciado na década de 50, com os Cursos Livres de Desenho e Pintura promovidos pela SCAP, sob orientação de João Siqueira, Rubens de Azevedo, Hermógenes, Zenon e tantos outros e onde conviviam Raimundo Kampos, Barrica, José Fernandes, Hélio Rola, Estrigas, Nice e Heloysa Juaçaba. Entre a jovem guarda daquela época estava DAYSE MONTENEGRO, que hoje é também GRIESER, frequentando os mesmo cursos, participando das mesmas excursões pelo campo e pelas praias, em busca de paisagens e de modelos. As cores de Floriano. O desenho de Chabloz. em 1953 participou do Salão dos Novos, promovido pela SCAP. Depois, o túnel do tempo… Na década de 60, marcada pela instalação do Museu de Arte da UFC e da criação do Centro de Artes Visuais – Casa Raimundo Cela, a história não registra a presença da artista DAISY. A arte hibernava ante aos afazeres da família nova. Nos Salões de Abril de 77, 78, e 79, e no Salão Nacional de 78 reaparece com a sua mensagem amadurecida. Pessoal. Inconfundível. No naif da figuração, a alegria das cores com que aprendeu a comunicar a sua alegria, na limitação intencional do desenho. Cada quadro uma historinha que ouvimos contar, pincelada por pincelada, bem explicadinha.
José Julião
Daisy Grieser faz poesia, faz crônica e conta estórias nos seus quadros, tão ricos de beleza e de lirismo, tão povoados do antigamente, marcados pela nota ingênua da nossa Fortaleza de ontem e do nosso cotidiano de hoje.
E com talento, com arte, engenho e bom gosto, vai captando a realidade, transpondo para as telas gente, árvores, flores e pássaros, cenas de todo dia, valorizando os detalhes, sublinhando o pitoresco de forma despretensiosa e verdadeira, sem cair no plano anedótico ou caricatural.
Dona e senhora de extraordinário senso de equilíbrio com que usa suas tintas, faz uma pintura aliciante, às vezes comovente, que atrai e prende a atenção inelutavelmente.
É tudo muito simples e muito humano, tocado de pureza, uma proposta saudável de quem vive em paz com o mundo, revelando ao mesmo tempo a capacidade de observação e a grande sensibilidade da artista.
Milton Dias
“Daisy é uma pintora que reflete, em seus trabalhos, a pureza não perdida. Não é uma intuitiva, sua pintura é consciente e lúcida, mas conserva a ingenuidade e um lirismo espontâneo. Sua temática também é escolhida e vem das recordações e dos ambientes não contaminados, das lendas simples e dos fatos singelos.”
Estrigas
Cada quadro de Daisy é uma paisagem de calor humano, onde desfilam as cenas mais gratas de seus primeiros contatos com o mundo. Daisy é uma pintora ingênua e primitivista; mas o seu domínio sobre a técnica do óleo é perfeita, dando-nos a impressão de ser a pintora – embora ingênua – uma perfeita conhecedora dos mais recônditos segredos da academia.
Rubens de Azevedo
Curriculum
Daisy Montenegro Grieser (Daisy)
nascida em Fortaleza, Ceará. Autodidata.
Coletivas:
II Salão dos Novos (SCAP) Fortaleza, agosto, 1953
Coletiva de Artes – Brams Clube – Fortaleza, outubro, 1974
A outra Face – A.C.F. – Fortaleza, maio, 1975
Mulheres e Arte – Jornal “O Povo” – Náutico, março, 1977
Penélope 77 – Aliança Francesa – outubro, 1977, Fortaleza
A Galeria – São Paulo – abril, 1978
Mulher Mostra Mulher – Jornal “O Povo” – Náutico, março, 1978
Mulher Mostra Mulher – Jornal “O Povo” – Centro de Convenções, junho, 1979
Coletivas em Salões Oficiais:
XXVII Salão de Abril, Fortaleza, abril, 1977
XXVIII Salão de Abril, Fortaleza, abril, 1978
VI Salão Nacional e Artes Plásticas – Fortaleza, 1978
XXIX Salão de Abril – Fortaleza, 1979
Individuais:
Brams Clube – Fortaleza, maio, 1977
University of Kansas – Lawrence – U.S.A. – julho, 1977
Kansas City Institute of Art – Missouri – U.S.A. – julho, 1977
University of Missouri – U.S.A. – julho, 1977
La Tortolita Galleries – Tucson – Arizona – U.S.A. – 1978
Títulos dos Quadros
1 – Afeto
2 – “Mucuripe”
3 – “Domingo à tarde”
4 – Verde Mar
5 – Manhã de Maio
6 – Lavandeiras
7 – Visita ao Cariri
8 – Vendedor de Milho
9 – Pilando o Milho do Cuscus
10 – Encantamento
11 – Procissão
12 – Baladeira
13 – Tempo de Arraia
14 – Mãe Preta – II
15 – Fim de Tarde
16 – Dois Meninos
17 – A Caminho do Rosa Amarela
18 – Amor
19 – Festa de Luz
20 – Dono do Mundo
21 – Paulinha, Pão e Paz
22 – Igrejinha da Praia
23 – Gente Humilde
24 – (“Gosta de Mim”) – Primeiro Amor
25 – Menina de Róseo
26 – Margens do Jaguaribe
27 – Casamento da Serra
28 – Abandono