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Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1982.10 – Personal Views – 08/11/1982

(Transcrito do Catálogo)

George Davison (1856-1930)

George Davison foi o mais inteligente e enérgico dos fotógrafos de sua época, não só em suas atividades amadorísticas como também em sua carreira profissional, como um dos diretores da Kodak Limited, de 1898 a 1912. Durante esses anos estimulou a famosos fotógrafos da época para que usassem filmes e câmaras da Kodak, gratuitamente, em troca do direito de usar as fotografias produzidas para publicidade – um esquema astuto, que contribuiu também para adicionar ótimas fotografias à coleção da Kodak.

As belas fotografias da vida rural na Inglaterra foram seu melhor trabalho. É até irônico que seu trabalho comercia resultou melhor que a arte pessoal e criativa.


Paul Martin (1864-1944)

Paul Martin nasceu em 1864, e quando deixou a escola, com dezesseis anos, um amigo da família, percebendo suas inclinações artísticas, convidou-o a ser aprendiz de gravura em madeira. Um álbm das provas de suas gravuras, feitas durante o primeiro anno de aprendizado, encontra-se no Museu de Victoria & Albert.

É irônico que durante os anos em que Paul Martin iniciou seu aprendizado de gravuras em madeira também tenha assitido ao evento que mataria sua arte. A primeira reprodução mecânica de fotografia em um jornal apareceu em Nova York, em 1880. Isto levou anos ‘blocos’ que, por volta de 1900, quase tomavam totalmente o lugar das gravuras nos livros e jornais.

A introdução de Paul Martin à fotografia foi através de um kit intitulado “How to make your own Photographs” (Como fazer suas próprias fotografias). O kit continha um pedaço de vidro de duas polegadas quadradas, um cartão do mesmo tamanho e um pouco de areia avermelhada. A areia era dissolvida em água e um pedaço de papel flutuava na superfície. O papel era então secado pelo fogo num quarto escuro. Um pedaço de renda, colocado sobre o papel e coberto pelo vidro e pelo cartão era levado ao sol, onde o papel escurecia reproduzindo o desenho da renda. Quando a fotografar pessoas, estava fora de questão.

“Tivesse eu tido meios independentes”, disse ele uma vez, “teria seguido exatamente o mesmo caminho dos outros fotógrafos dos anos 1890, cuja ambição era de fazer suas fotografias parecerem um quadro pintado, quanto fosse possível. Foi durante algum tempo tão entusiasmado quanto outras pessoas, e relativamente competente, mas era um hobby caro e nunca teve, para mim, o mesmo interesse que a verdadeira fotografia – isto é, pessoas e coisa como o homem da rua os vê.”


Horace Nicholls (1876-1941)

Horace Nicholls é um dos fotógrafos mais caracteristicamente ingleses. Embora trabalhasse para muitas revistas e jornais era muito mais que um fotojornalista. Nasceu em Cambridge, de um pai pintor e fotógrafo pioneiro. Estudou em Sandown, Ilha de Wight, aprendeu fotografia em Hussersfield, e obteve seu primeiro emprego no Chile.

De 1889 a 1892 trabalhou em um estúdio em frente ao Castelo de Windsor, onde ocasionalmente era chamad pela Rainha Victoria para dar palestras sobre fotografia aos seus convidados.

Provavelmente sua contribuição mais notável è fotografia foi a extensa cobertura documentária dos trabalho das mulheres, durante o período de guerra entre 1916 e 1918. Essas fotografias são importantes não só pelo tema, embora nunca recebessem tratamento compreensivo dos fotógrafos da imprensa, mas, como disse Gail Buckland, também porque são quadros maravilhosos, simples e fortes, que documentam vividamente como funcionava o país durante a guerra.


Sir Cecil Beaton (1904-1980)

Cecil Walter Hardy Beaton nasceu em Londres em 1904 e foi educado em Harrow e Cambridge. Foi nomeado cavaleiro em 1972. Sua aparência era o que se esperaria das fotografias publicadas; as fotografias, esplendidamente excênctricas, refletem o gosto e estilo de vida tanto do fotógrafo quanto do modelo que posou para ele. Ele se comunicava com precisão quieta e delicada, descobrindo analogias e tecendo comprarações, como era de se esperar, entre o teatro, hábitos, literatura, arte e fotografia. Homem elegante, mesmo não sendo convencional, o estilo de vida de Cecil Beaton tinha muito de um passado aristocrático. Morava nos arredores de Knightsbridge, um bairro elegante de Londres, numa casa ricamente mobiliada com antiguidades e quadros sobre paredes forradas de veludo preto. Meu primeiro encontro com ele foi às onze da manhã: fui levado para um quarto no piso superior, e lá estava Sir Cecil, de pijama cor-de-rosa, sentado numa cama de armação com um mordomo de paletó branco pronto para serví-lo. Um maravilhoso quadro beatoniano.


Bill Brandt (1904- )

Bill Brandt tem sido frequentemente chamado de o maior fotógrafo britânico vivo. Mas esta é só meia verdade. Ele é o maior; mas é só ‘meio’ britânico. Seus pais eram de  ascendência russa; ele passou muito da sua infância e juventude na Alemanha e na Suíça; trabalhou em Paris por muitos anos e estudou com o artista e fotógrafo americano Man Ray. Retornou a Londres em 1931, com 25 anos de idade.

Brandt é um dos poucos fotógrafos que consegue compor seus temas, como se posassem, usar luz artificial, manipular a imagem na revelação, retocar a fotografia final e, mesmo assim, produzir uma imagem poderosa, de impressão duradoura. Diz ele: “não estou interessado em regras e convenções. A fotografia não é um esporte. Se eu achar que uma fotografia ficará melhor com mais luzes, eu as uso, ou até mesmo um flash. É o resultado que conta, não interessa como se chega a ele. Acho que o trabalho no laboratório é o mais importante, uma vez que só consigo terminar a composição de uma fotografia sob um ampliador. Não entendo porque isso deveria interferir com a verdade. Os fotógrafos deveriam seguir seus próprios julgamentos e não os modismo e os ditados de outros. A fotografia é ainda um meio muito novo, e tudo é alterado, e tudo deve ser tentado”.


George Rodger (1908- )

É um dos fotojornalistas mais importantes, e não reconhecido, da Grã-Bretanha. Suas aventuras em praticamente todos os países do mundo concretizaram os sonhos de sua juventude. No momento da redação deste comentário, George, com 69 anos, está de volta à sua querida África, perpetuando suas imagens simples e fortes, em que a espontaneidade é direta e honesta. Após ter trabalhado para a BBC, tornou-se o fotógrafo itinerante principal da revista Life durante os anos de guerra, operando em 61 países diferentes mas concentrando-se na África e oriente Médio. Cobriu a retirada de Burma como o General Stillwell, o oitavo exército britânico no deserto, a invasão do Dia-D na Normandia – e o levante de Belsen. Foi esse último marcante trabalho que mudou sua vida fotográfica: “lá estava eu com os quatro primeiros, uma espécie de unidade de avanço que entrava no acampamento… foi terrível, pois havia uns quatro mil corpos estendidos, todos cercados por arame farpado, e talvez outros quatro mil morrendo, e encontrei-me vagando com minha câmara, tentando fazer belas composições com os mortos. E após lá ficar por um par de horas, de repente pensei: meu Deus, o que aconteceu comigo, sabe, sabe este é o fim… não posso permanecer nesta posição, como todo esse horror – terrível – a minha volta, e pensar em outra coisa senão belas composições.”

George Rodger nunca mais fotografou a guerra ou a violência; sua cobertura, porém, já se havia tornado lendária. Nessa época fortaleceu seu s laços de amizade com Robert Capa, que sonhava com uma cooperativa de fotógrafos – uma irmandade – situados acima das intolerâncias e censuras editoriais, que interpretariam o mundo tal qual ele é, e que somente venerariam as coisas como realmente são, ou assim lhes parecesse. Após a guerra George travou conhecimento com o David ‘Chim’ Seymour e Henri Cartier-Bresson. Tornaram-se, os quatro membros fundadores da “Magnum Photos”. Era 1947, e o mesmo espírito permeia o grande número dos sócios da Magnum de hoje.


Bert Hardy (1913- )

Nasceu de uma família pobre em maio de 1913, o mais velho de sete filhos. Sua família morava em dois quartos escuros no distrito de Elephant and Castle, em Londres.

Aos treze anos abandonou a escola e candidatou-se a uma vaga para contínuo num escritório de engenharia. Durante a entrevista pediram-lhe que multiplicasse treze por treze. Como não pode dar a resposta correta foi rejeitado; com certeza para melhor, pois se o jovem Bert houvesse sido bom matemático talvez nunca se tornasse um dos gigantes do fotojornalismo da Grã-Bretanha.

Bert Hardy foi um dos primeiros fotógrafos na Inglaterra a usar uma câmara miniatura para reportagens ‘sérias’. Depois de trabalhar durante nove anos numa firma de propaganda e tipografia, candidatou-se a um emprego, na agência ‘General Photographic’, em Fleet Street, como fotógrafo com câmara Leica. Disseram-lhe para não ser ridículo: as câmaras Leica não eram ç6amaras’. O proprietário da agência logo mudou de ideia, porém, quando viu as fotos 12″x15″de Bert, embora tivesse dificuldade em acreditar que houvessem sido tiradas com uma câmara miniatura. Daí em diante suas reportagens foram usadas pala maioria das revistas e jornais de Londres, inclusive pelo Picture Post, que então apenas começava. Bert iniciou então sua carreira no Picture Post, e daí se originaram seus melhores ensaios fotográficos. Em 1942 foi convocado para servir na Europa e no Extremo Oriente, na unidade fotográfica do Exército, como fotógrafo pessoal de Earl Mountbatten; retornou, depois, ao Picture Post, em 1946, com a patente de Capitão.

Bert hardy vive agora em sua fazendo em Surrey, com a esposa, que também trabalhou no Picture Post. Tem dois filhos – Mike e Terry -, fotógrafo e editor de filmes, respectivamente.


Thurston Hopkins (1913- )

Durante uma década foi um dos fotojornalistas exclusivos do quadro da revista britânica Picture Post. Tem viajado intensamente, trabalhando na África, índia, América do Norte, Austrália e no Pacífico, e pelo seu fotojornalismo desse período recebeu dois prêmios, de melhor fotografia da imprensa britânica no ano.

“Meus dias com o Picture Post foram os mais excitantes e pessoalmente gratificantes de minha carreira como fotógrafo. Seu que muitos fotógrafos acreditam que aceitar um cargo efetivo implica um snetido fatal de complacência; o argumento é que a insegurança de ser um free-lancer obriga a que o fotógrafo se mantenha duplamente atente, e o previne de tornar-se preguiçoso. Só posso dizer que durante os quase dez anos com o Picture Post tive mais liberdade como indivíduo, e me foram dadas mais oportunidades de compartilhar de inúmeros modos de vida diferentes, do que jamais poderia ter como free-lancer nas circunstâncias daquela época. Foi enquanto estive no Picture Post que pude unir dois impulsos principais que estavam por trás da minha câmara de 35mm: reportagem e ilustração.”


Bryn Campbell (1933- )

Quando a maioria dos fotojornalistas aprenderam seu ofício no Picture Post é de se estranhar que Bryn Campbell tenha sido uma exceção! Compartilha, porém, muitas das preocupações tradicionais da geração anterior à sua. Demonstra sua incomum dedicação à arte não só através das fotografias como também pelo enorme tempo que dedica ao trabalho em grupo, tão necessário ao sucesso de organizações fotográficas.

Nasceu ao Sul do País de Gales em 1933, e treinou como fotógrafo com a Real Força Aérea, durante o serviço militar compulsório. Em 1967, após dois anos como editor de determinadas matérias na revista Observer, voltou a ser fotógrafo, em período integral, para a mesma revista. Seu trabalho foi reconhecido quando se tornou o Fotógrafo Britânico do Ano, em 1969/70. e nomeado fotógrafo oficial da expedição britânica Headless Valley, em 1971.

Bryn Campbell escreve muito e dá numerosas palestras, fotografando tanto no Reino Unido quanto em países estrangeiros; está também muito envolvido na educação fotográfica. Mantém-se em grande evidência como curador da Galeria dos Fotógrafos de Londres.


Ian Berry (1934- )

nasceu em Preston, Lancashire, em 1934. Após estudar línguas modernas, determinou-se a ser jornalista, e passou a trabalhar para um jornal local, antes de desiludir-se com apenas registrar os convidados às festas, e, acompanhar as sessões de julgamento, nas cortes.

Então emigrou para a África do Sul; seu empregador era, por acaso, um fotógrafo que, afinal, lhe proporcionou sólido conhecimento técnico. Depois de trabalhar algum tempo em seu próprio estúdio comercial, Berry empregou-se no Daily Mail, de Johannesburgo, até que Tom Hopkinson, ex-editor do Picture Post, chegou à África do Sul, com o fim de editar a importante revista Drum, “Foi esse o período mais valioso de minha vida, fotograficamente. “Mais tarde, após em desentendimento com o dono despediu-se e começou a trabalhar nos arredores de Paris. para uma agência recém-criada, Visa, logo a seguir desativada, quando seu dono morreu num acidente de carro. Ian, a essa altura, na verdade já estava longe, tentando ingressar na Magnum, a cooperativa internacional de fotógrafos, o que fez por fim.

Concorreu duas vezes ao prêmio anual de melhor fotografia, da imprensa britânica, e o conquistou ambas.


Tony Ray-Jones (1941-1972)

Nasceu em Wells, Somerset. É um dos poucos fotojornalistas cujo trabalho é também muito respeitado no mundo das artes; diversos colecionadores de importância têm comprado suas fotos, entre os quais o Museu de Arte Moderna de Nova York e a Biblioteca Nacional de Paris.

Esse estranho amálgama de reportagem e arte foi explicado por Tony Ray-Jones, a seu modo: “tenho tentado mostrar a tristeza e o humor da suave loucura que prevalece nas pessoas. As situações são, às vezes, ambíguas e irreais. Isto, assim espero, serve para criar uma sensação de fantasia. A fotografia pode ser um espelho e refletir a vida como ela é, mas creio também que talvez seja possível andar, como Alice, através de um espelho encontrar outro mundo, com a câmara”.

Tony Ray-Jones morreu de leucemia em março de 1972.


Paul Trevor (1947- )

Nascido em 1947, o londrino Paul Trevor vive no East End de Londres. Quando tinha dezesseis anos começou a trabalhar como assistente de um contador. Após cinco anos mudou de ideia sobre seguir carreira de contador, e iniciou estudos de pintura e escultura (entre outras matérias) enquanto se mantinha realizando trabalhos de contabilidade nos fins de semana. Começou a produzir fotografias em 1973, e, até 1980, foi membro do Half Moon Photography Workshop. Colaborou, também, como um dos fundadores da revista Camerawork, lançada em 1976.

Atualmente, trabalha na criação de um livro fotográfico sobre a televisão.


Martin Parr (1952- )

Martin Parr é o fotógrafo mais jovem desta exposição, nascido em Epsom, Surrey, em 1952. Estudou fotografia na Politécnica de Manchester de 1970 a 1973, e desde então tem trabalhado e preparado exposições sobre os diferentes aspectos da vida britânica. Em 1974 mudou-se para Hebden Bridge, uma pequena vila em Yorkshire, não muito distante da fronteira com Lancashire. Lá ele criou o Albert Street Workshop and Gallery, com a ceramista Jenny Beaven e o pintor Ray Elliot.

Em 1975 obteve subsídio do Conselho de Artes por sua série intitulada Beauty Spots and Hebden Bridge, o qual, seguido de um segundo subsídio, e 1977, deu ensejo a uma exposição muito bem recebida no Photographers’ Gallery de Londres, que no ano seguinte, 1978, correu o Reino Unido.


Folder da Exposição Personal Views 1982

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