Exposição 1984.05 – Spoleto: A Cidade e o Festival – 06/08/1984
(Transcrito do Catálogo)
O paciente trabalho que Lionello Fabbri dedicou a Spoleto abrange quinze anos da história desta cidade pequena porém universal e de seu “Festival dei Sue Mundi”, momento fundamental de encontro humano e cultural entre a Europa e as duas Américas.
À manifestação, idealizada em 1958 pelo maestro Gian Carlo Menotti, ainda hoje seu animador incansável, já participaram grandes nomes do panorama artístico internacional, tais como Thomas Shippers, Franco Zeffirelli, Salvatore Quasimodo, Maurice Bejart e Luchino Visconti. O festival deste ano, que teve seu término em 15 de julho, contou com a presença, entre outros, de Antônio Gades, Eugene Jonesco (trabalhando ineditamente como ator), Vassily Vassiliev, Ekaterina Maximova, Laurent Terzieff, Christian Badea.
A Spoleto dos anos ’60 e ’70 que Fabbri acompanha e representa com minuciosa paixão é hoje inseparável de seu festival assim como de sua história heterogênea. Na cidade onde durante quinze dias ao ano revivem-se entre igrejas e ruelas as maiores obras-primas do teatro, da música e da dança, o passar do tempo deixou marcas indeléveis. A história romana se funde com a estética renascentista; as remodelações barrocas realizadas pelos pedantes vigários pontifícios do ‘600 sobrepõem-se às puras linhas arquitetônicas do romântico. Disto resulta um burgo de aspecto medieval, embebido de antiguidade, sugestivamente pousado sobre as verdes colinas da Úmbria, região de grandes santos e de profundos silêncios.
Sobre este burgo, sobre estas ruelas ferventes de trabalho, onde arte e artesanato, ar de vinha e de claustro se misturam com elegante harmonia, pousou a objetiva do fotógrafo, testemunha da indissolubilidade entre a moderna maneira de fazer espetáculo e o antigo fascínio da tradição.
Esta mostra, já apresentada com sucesso no Rio de Janeiro e em numerosas cidades europeias, pretende descobrir e repropor, vinte e oito anos após a inauguração do festival da união artística entre o novo e o velho continente, a realidade de uma pequena joia da província italiana, rústica e aristocrática, patrimônio, enfim, da cultura de todo o mundo.
Marco Alajmo
Coordenador
Casa de Cultura Italiana – UFC
“(…) É uma série de vagões que retrocedem no tempo, à descoberta de acontecimentos, espetáculos, protagonistas que caracterizam as últimas edições do festival (…). O trabalho de Fabbri todavia não acabou, ele continua a colocar nas paredes as fotos dos acontecimentos e o que de mais interessante está sucedendo ao festival: um verdadeiro e propriamente ‘work in progress’. (…)”
G. Servanzi
La Stampa, 1975
“(…) Empaginadas com inteligente atenção sobre paineis estas sequências de vida de Spoleto, nos dias paroxísticos e polêmicos do Festival, com os seus personagens não necessariamente enquadrados nos sues momentos de glória, mas nos acontecimentos de todo dia, insinuando-se com pontual rigor na própria vida da pequena cidade umbra, protagonista e comprimária deste contínuo espetáculo, agitada e exaltada no início de cada verão, são um documento irrepeensível de resposta às nossas hipóteses sobre o valor da fotografia entendida culturalmente e assim, expressa pelo autor.”
Nereo
Paese Sera, 1975
“(…) É uma galopante panorâmica em um passado mais ou menos recente. É também, um ato de amor que dura com assiduidade desde 1965. Personagens famosos e gente humilde estão reunidos, para sempre, sobre os fundos de pedra da cidade. Yevtushenko grita sobre os seus versos, Quasimodo conversa na praça, Ezra Pound expõe o seu rosto devastado e consumido na quadra de uma janela. Desfilam na parede as cenas de Grotowski, di Ronconi, (…)””
Ettore Mo
Correire della Sera, 1975