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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1985.02 – Imagem das Cores – 09/05/1985

(Transcrito do Catálogo)

Recado bem natural

A partir de 1984 os artistas Isaias, Salet, J. Arraes, Digeórgia e os demais companheiros passaram a se reunir na casa de Descartes Gadelha, numa retomada inconfidente que tinha como estratégia a unidade do grupo. Unidade monolítica em busca do espaço que lhes fora esbulhado nesses duros anos de falta de liberdade e desrespeito à cultura brasileira.

E os 12 apóstolos da insubmissão: J. Arrais, Nogueira, Daisy Grieser, Lubem, Digeórgia Gadelha, Beth Queirós, Nice, Salet, Manoel neto, Ivany Gomes, Izaias e Chico da Silva, resolveram em boa hora aglutinar forças, até então dispersas, com o ânimo peregrino e, profissão de fé na “arte natural”.

Se por acaso eram fichados pela ótica elitista, como ínsitos, naifes ou primitivos, a eles não interessava o rótulo mas acima de tudo a proposta pura e o repeteco de estilos estranhos à nossa gente e nosso meio.

Aos nove dias do mês de maio de mil novecentos e oitenta e cinco a direção do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará – leia-se Zuleide Martins de Menezes – prestigia a Mostra dos 12 numa demonstração inequívoca de compromisso com nossa herança cultural. E essa herança é mais forte que o modismo gracioso e falaz. É mais forte que o estrelismo enlatado pela cupidez do lucro fácil. É mais forte em nossa memória como o sal da terra.

Eusébio Oliveira


Beth Queirós

Tenho diante de mim alguns cromos e neles estão representados como num paraíso imaginário as flores e os pássaros, as borboletas e o azul do espaço de um novo dia: o primeiro talvez após a criação. Límpido e puro sem a fuligem ou a ferrugem crescente da cidade grande. Um jardim particular e edênico, cultivado pela sensibilidade da artista Beth ao pintar as flores e emprestar-lhe vida.

Dorian Gray Caldas / 84

Chico da Silva

A obra do Chico da Silva mostra um universo de dragões, cobras, peixes e pássaros intensamente coloridos, recortados contra um fundo monocromático e homogêneo. Possivelmente são personagens de uma estranha mitologia, conservada pela tradição oral de uma ampla região, que se estende do Nordeste à Amazônia. Mas também são invenções do pintor, pássaros fantásticos de um jardim de sonhos, que todo homem traz dentro de si.

Revista ARTE NO BRASIL

Daisy Greiser

Daisy Greiser faz poesia, faz crônica e conta estórias nos seus quadros, tão ricos de beleza e lirismo, tão povoados de antigamente, marcados pela nota ingênua da nossa Fortaleza de ontem e do nosso cotidiano de hoje.

É tudo muito simples e muito humano, tocado de pureza, uma proposta saudável de quem vive em paz com o mundo, revelando ao mesmo tempo a capacidade de observação e a grande sensibilidade da artista.

Milton Dias

Digeórgia

Liberdade

A arte de Digeórgia apresenta-nos dois aspectos distintos que chegam ao paradoxo: se nas suas pinturas ela nos transmite uma concepção arcadiana do mundo – o seu mundo de simplicidade e emoção pura, traduzindo em cores puras e matizadas com extrema delicadeza, uma força inusitada que se revela através do traço e dos motivos que enfoca.

Rubens Azevedo

 

Ivany Gomes

Ivany é ele mesmo, em sua autenticidade espontânea. ínsito, naife, primitivista ou coisa que o valha são acidentes da semântica oficial. Ele tem apenas um compromisso com a memória de nossa gente, eis o seu único ofício.

Eusébio Oliveira

Izaias Silva

O Canto da Sereia do Mar Azul

Izaias traz a sina de tatuar, com tintura selvagem os seus azuis, vermelhos, verdes, amarelos e violetas, cada tela recriando a vivacidade acrílica dos seres, aves e bichos; Izaias é o profeta solitário que escreve com tintas fortes e suaves pinceladas o inventário da natureza; Izaias é o testamenteiro e o evangelista que impreca contra a civilização que se perdeu em cálculos, lucros, consumos descartáveis e violência: e decreta aos quatro ventos e a soberania de um estado selvagem que existe (e ninguém vê) na memória do tempo.

Eusébio Oliveira / 85

J. Arrais

J. Arrais criou o seu mundo e tem sido coerente com ele. Pelo que dele conhecemos, nestes últimos dez anos, admiramos a coerência do seu diversificado figurativismo, enfocando flash de acontecimentos, registrando vivências de multidões ou detalhando típica arquitetura de edifícios, numa colorida reportagem de Fortaleza. Cores iluminadas pelo nosso Sol tropical, a fidelidade do pormenor que transmite o real, os volumes que se harmonizam na composição equilibrada, as nuances e contínua dedicação ao metier.

José Julião / 81

Luben

Pé-de-serra

Seu trabalho jorra ingenuamente como fonte no pé-de-serra e espalha-se pelos campos da terra iluminada pelo tempo dos homens. É um verso de rima aparentemente fácil, conjugando cores ternas, formulado pelo sonho e pelo passado caracterizado nas cenas simples da vida do interior, que a artista guardou na memória como relíquia. É a simplicidade pictórica revelada preciosamente, estendida às formas e cores e encarnada pela própria LUBEN no seu ato de viver.

Salet / 85

 

Manoel Neto

Depois de anos de pesquisa, de uma intensa reflexão, de uma constante revisão das práticas vigentes e um criterioso estudo na implantação das inovações, Manoel Neto nos apresenta uma nova proposta no campo da criação artística. São telas-molduras que se fundem com o marco brilhante de sua pintura.

Mauro Ribeiro Martins / 85

Nice

Amoroso

Nice trabalha nos seus óleos sobre tela um colorido cheio de contrastes, promove um violento choque de cores que todavia se unem e se harmonizam e dão como resultado uma pintura belíssima, rica em forma, em linhas, em cor, dominando em tudo uma nota extremamente pessoal, com absoluta liberdade de expressão. Seria muito difícil classificá-la dentro de uma escola, tão inconfundíveis são sua capacidade criadora e sua originalidade.

Milton Dias

Nogueira

O que é um “primitivista” senão um intérprete espontâneo da realidade, um artesão que transpõe a imagem do cotidiano e recria as circunstâncias e as formas captadas através de uma visão na qual o mundo real se funde e se completa com a força do imaginário?

Poucos artistas conservam-se tão puros e autênticos como intérpretes deste realismo natural, com as suas cores e movimentos, o seu calor e simplicidade, quanto Nogueira. O essencial no seu trabalho é a sua fidelidade à restauração das coisas comuns da vida, sem os retoques que as desfiguram, tarefa a que se entrega com a emoção que nos transmite nos traços das duas figuras, paisagens e cenas.

Zuleide Martins de Menezes

Salet

Vida do Padre Cícero

Inegavelmente Salet é uma artista. Não só por pintar bem, mas também, por sentir, pensar e viver sua própria manifestação artística. Sua formação vivencial se divide no seu trabalho. O lado intelectual, com seus conhecimentos, sua análise da vida, o sensível captando emoções. Ambos se manifestam em forma e conteúdo onde o tema, tirado sempre dos acontecimentos e costumes quase cotidianos, é representado na sua simplicidade, que é a própria simplicidade da autora.

Estrigas


Imagem das Cores

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