Exposição 1997.9 – José Rincon no Mauc– 26/08/97
A exposição “JOSÉ RINCON NO MAUC”, realizada em Dezembro de 98, expôs gravuras abstratas do artista José Rincon, caracterizadas por suas composições em forma de cruz.
Abaixo, o release da exposição escrito por Clemente Berrena – do Gabinete de Estudos de Calcografia Nacional da Espanha -:
“Desde o seu inicio, já pleno de intuição e sensibilidade, que se pressagia uma evolução firme em sua futura carreira artística, José Inácio Rincon estudou profundamente as mais diversas técnicas e estilos, até encontrar um caminho aprumado, rico e variado. Se no início primava fundamentalmente pelo tratamento figurativo de vários temas com fundo social, evoluiu, sem ardil nem enfeite, até chegar num ponto de sábia maturidade artística onde construiu um estilo pessoal e autêntico, uma abstração marcada por uma profunda criatividade e força plástica de impactante intensidade. Pode-se dizer que as suas gravuras sobrevivem na retina mesmo quando já não as temos diante de nossos olhos.
Sua técnica é de impecável execução, como se fosse um alquimista experimentando para o qual os ácidos e vernizes não escondessem segredos. Desvelador de texturas variadas e surpreendentes, partindo de técnicas totalmente tradicionais, penetra em novos métodos de experimentação que lhe permitem uma maior liberdade em seus planejamentos plásticos.
Rincon é um artista intrinsecamente livre, isto é, possuidor desse alfabeto lúcido de quem não se conforma com o que conhece. Necessita explorar novas formas, provar outras cores mais acordes com sua peculiar concepção pictórica das imagens e traduzir todos esses estudos em sonhos utópicos, transpassados pela magia da coisa alada da estética que supõe unir um tratamento sumamente delicado com um resultado retumbante em sua obra terminada. Esta curiosa percepção pictórica se repete assiduamente em seus gravados por meio de complexas técnicas.
Nos últimos dez anos, Rincon atingiu um lugar proeminente na arte do gravado, não só por sua obra e sua trajetória pessoal, como também por sua destacada atuação como mestre e difusor dessa arte.
Suas qualidades naturais para o ensino de qualquer técnica do gravado se materializam com sobras na tarefa que vem desenvolvendo com a generosidade e maestria própria dos verdadeiros artistas, ao transpor para outros seus notáveis conhecimentos. Contribuindo assim para a formação de futuros artistas e para a sobrevivência desta arte. Desenvolve assim, fielmente, o nobre ideal do magistério artístico: sabe criar beleza e conhece o modo de transmiti-la, de comunicar a magia do trabalho do gravador em todas as suas fases, transformando-o em algo maior, mais duradouro, muito mais exeqüível, com timbre especial de artista puro.
Se imarginar-mos uma forma palpável da paisagem artística do gravado, Rincon – contradizendo seu nome – ocuparia um lugar, por direito próprio, em pleno centro deste velho e querido mundo do gravado, ali onde se encontram os que partiram em busca de uma certeza vital, humana e artística.
Artista, Gravador, Mestre. Talvez estes três termos acertem em definir plenamente José Inácio, o seu bem fazer, o seu domínio técnico e a sabedoria artística.”
O ARTISTA – José Rincon (Sevilha, 1959), é licenciado pela Faculdade de Belas Artes de Madrid, com especialização em gravura, tem feito cursos, experimentado e ampliado os seus horizontes em diversos atelieres do Círculo de Belas Artes de Madrid e no Centro Nicolas Salmerón. Ensina xilogravura e calcografia nos atelieres da Galeria Brita Prinz, em Madrid, nos cursos de verão de Betanzos e Pastrana e na Universidade Internacional Menedez Pelayo.
Individualmente já mostrou seu trabalho em galerias de Madrid, Barcelona, Nova Iorque e Helsinque. Dentre as coletivas que participou destacam-se o Kleinformat – Galeria Brita Prinz (1992), o Salón Internacional Del Grabado Contemporaneo (1993/94/95/96/97) e o Prêmio de Gravado da Fundación Deutsche Stiftung (1997), onde obteve premiação.
O MAUC – O Museu de Arte da UFC está situado na Av. da Universidade, 2854, Benfica, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Em sábados agendados, o museu abre para visitação com programação especial.
Mais informações sobre as atividades culturais do espaço podem ser encontradas no site do Mauc e nos perfis do Museu no Instagram e no Facebook.
Fonte: Museu de Arte da UFC – fones: (85) 3366 7481 e 3366 7480