Exposição 2010.10 – Piracema – Sebastião de Paula – 08/12/2010
Sou suspeito para comentar a piracema proposta por Sebastião de Paula. Às vezes me pergunto como um professor atarefado com o cotidiano pedagógico consegue xilogravar de forma tão disciplinada. Percebo na resistência de suas zoomorfias; novelos; fios e pregos, aspectos do leito do rio original no qual proliferam essas temáticas. Voltar ao ponto de partida, fazer o caminho inverso não é possível nem para os peixes. Aqueles que voltam não são os mesmo que partiram, pois trazem em si o instinto da brevidade adquirido na força e na resistência das correntezas por onde viveram. Os peixes que morrem são outros.
Não há novidade na morte de peixes, ainda que esta seja provocada pela nossa irresponsabilidade com o meio ambiente e outras mazelas contemporâneas. A piracema que Sebastião evoca, pelo menos em mim, é um compromisso com os temas nos procedimentos que lhe são caros e, que lhe conferem com maestria sua técnica de xilogravador. A piracema está na força do corte, na escolha da cor, no talho da madeira. Está na resistência necessária do artista-professor- pesquisador que dando um destino a sua expressão plástica confirma sua maturidade.
Gilberto Machado