Exposição 2019.09 – Mato Branco – 19/06/2019
A questão central motivadora da série Mato Branco foi a necessidade de expressar a paisagem do sertão nordestino numa linguagem plástica, mantendo as suas riquezas formais, qualidades estéticas e força dramática, sem cair numa representação direta. Havia uma beleza agreste que deveria ser processada artisticamente e levada ao público, que parece não perceber todo o vigor e a imponência expressiva dessa paisagem.
Como não se deixar prender pela tradição representativa que estava posta? Como fazer ver de modo esteticamente significativo algo que, em senso comum, é visto como insignificante e desprovido de qualquer encanto? Não bastava apenas mostrar, explicitar. Necessitava construir um discurso expressivo próprio, moderno para esse lugar telúrico que fugisse dos esteriótipos de indigência associados à região, sem perder os necessários vínculos simbólicos da paisagem do agreste.
Depois de correr os sertões do Ceará, prioritariamente, resolvi desenvolver trabalhos que pudessem ser mostrados com simplicidade, sem recursos técnicos sofisticados e muito experimentais. Os trabalhos deveriam poder retornar aos lugares que os inspiraram sem muito aparato. Os instrumentos utilizados nessa tarefa deveriam ser os corriqueiros: cores, texturas e ritmos, em composições corretas e equilibradas. As respostas vieram em dezenas de trabalhos que são apresentados nessa mostra.
Roberto Galvão
Fortaleza, 2017