Exposição 2019.20 – Reinvenções – 25/11/2019
Período: 25/11 a 11/01/20
Silvio por Descartes Gadelha
Ao contrário do arrastão de tudo aquilo que é chamado de arte contemporânea em que o fazer manual é relegado, Silvio reabilita o poder da artesania. Isso nos acalma, lembrando em tempo, que somos humanos possuidores de alma.
Também nos alerta que a tecnologia (ainda) não conseguiu nos transformar em autômatos no rumo da extinção. Portanto, o artista prova que as mãos estão ligadas ao espiritual. No processo criativo faz uma sondagem arqueológica, uma das mais antigas artes, a marchetaria. Seu sentimento estético perfeitamente conectado com as mãos reconstitui e revitaliza essa arte; assim, faz uma assepsia nos olhares poluídos e infectados pelo lixo artístico da sociedade de consumo.
Proporciona novas possibilidades de ver e olhar o objeto artístico ao fundir a marchetaria com a expressão plástica da pintura, resultando numa reinvenção dessas duas técnicas numa só dimensão. Abandona a paleta das cores químicas pela paleta (botânica). Seu olhar de pintor ultrapassa o cromatismo artificial e penetra no lenho, âmago das fibras naturais para garimpar os mais preciosos tons de madeira.
A árvore abatida é replantada. Não existe a infração ecológica porque acontece o reflorestamento no sítio estético.
O artista sabe que a natureza é simples, sem arrogância e pretensão; também sabe que a natureza é a única harmonia legítima. Silvio incorpora esse princípio ao simplificar sua atitude diante da vida e da arte. Daí não mais há exuberância artificial das cores industriais que dominam as temáticas do consumismo. Agora, são as cores suaves e legítimas nos delicados pedacinhos de madeira utilizando a sensível técnica da incrustação. Com as folhas secas que caem no pé da árvore sempre renovando imagens, Silvio monta sua obra com o mesmo sentimento e olhares dos pintores engarrafadores das areias coloridas do Aracati e das bordadeiras da praia do Iguape. Silvio Rabelo faz parte dessa importante casta de artistas cearenses.
Sobre o Artista
Autodidata no início da juventude, descobriu sua habilidade com a madeira e as possibilidades de criação advindas desse recurso natural renovável. Aos 20 anos, iniciou-se nas artes desses recurso natural renovável. Aos 20 anos, iniciou-se nas artes como entalhador e escultor.
A inquietude de sua mente criativa o levou a experimentos exploratórios imprevisíveis com restos de madeira, na tentativa de reaproveitar a matéria-prima que a cada dia parecia descortinar inúmeras possibilidades de expressões. Foi daí que, longe do academicismo, surgiu a empatia com a marchetaria, técnica que tem possibilitado um referencial para descobertas e reconstruções cognitivas.
O trabalho do artista retrata uma herança cultural interiorizada, somada a construção de subjetividade resultante de uma multiplicidade empírica. O artista Silvio Rabelo, desenhista, pintor e escultor é versado na técnica da marchetaria que constitui caminho frequente na produção de sua obra que hoje ilustra capas de livros e de discos importantes e compõe acervos relevantes no brasil e no exterior.
Participou recentemente da exposição que percorreu o Brasil em homenagem a Luiz Gonzaga com a curadoria de Bené Fonteles.