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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Histórico

Sonho e realização de Antônio Martins Filho

Antônio Martins Filho
por Oswaldo Teixeira – 1956

Antônio Martins Filho, ao assumir a Reitoria da Universidade do Ceará, em 1955, traz consigo o sonho de criar um lugar de memória para as artes do estado e ao pensar este museu, toma como referência as matrizes europeias (Espanha, França e Itália) e centra-se na “importância dos museus e sua alta significação na sedimentação da cultura de um povo” (MARTINS FILHO, 1996, pg. 194).

O choque e o deslumbramento causado pelo contato com as obras de arte europeias, propiciaram a este visionário Reitor uma nova forma de conhecimento artístico que se contrapunha àquele obtido através dos livros, dos catálogos e das revistas de arte, que circulavam e que se tinham acesso no Ceará. Para ele tornava-se necessário e urgente criar este “templo” de fruição e deleite findando esta privação da sociedade com as obras de arte. Terá uma participação direta na ideia de criação, na designação de verbas e imóveis para sua instalação e no seu reconhecimento junto ao Conselho Universitário, bem como na escolha de artistas e das coleções de obras que iriam compor o acervo do Museu de Arte.

A ideia de se criar e adquirir coleções para compor um futuro Museu de Arte na Universidade do Ceará tem início junto à instalação desta instituição de ensino. No caso específico da Universidade Federal do Ceará, várias manifestações artísticas surgem junto à criação da própria universidade, canalizadas para visualização de sua sede no campus universitário do Benfica.

Considerando-se a produção artística local disponível para aquisição no momento de sua fundação podemos constatar que a grande leva de obras e artistas ingressadas no Museu de Arte da UFC, contém valores e méritos que hoje o tornam o mais completo representante da arte produzida no Ceará nos meados do século XX: Antonio Bandeira, Raimundo Cela, Zenon Barreto, Aldemir Martins, Chico da Silva, entre outros.

A criação deste museu na UFC não se vincula a nenhum Curso de Artes que a universidade pudesse oferecer à sociedade cearense, estando mais ligado a função extensionista e cultural.

Como primeira instituição museológica voltada para à preservação das artes plásticas cearenses, o MAUC concedeu a UFC e ao estado do Ceará um status cultural a artístico de grande relevância à época de sua inauguração.

Inauguração

Com o seu plano de criação do museu em movimento e dispondo de um pequeno corpo administrativo (a nível institucional), intensifica o Reitor, durante o ano de 1960 a distribuição de recursos para as ações de coleta de obras de arte.

Não foi fácil destinar verbas para o projeto de criação do Museu de Arte. Havia muita resistência, sob o pretexto de que as escolas e faculdades ainda não se achavam devidamente equipadas e que os institutos de pesquisa estavam surgindo com muita velocidade (…). Entretanto, eu me sentia bastante forte no comando da instituição e acreditava que já estávamos numa fase de desenvolvimento, em que os problemas da cultura deveriam ser considerados na área das letras e também das artes. (MARTINS FILHO, 1996. pg. 194)

Em comemoração ao 6º. da Universidade, o Reitor Martins Filho determina o ano de 1961, como marco de instalação do Museu de Arte. No entanto o que podemos perceber é que dentro do projeto de Martins Filho a inauguração do Museu de Arte, ou mais precisamente a oficialização das relações da universidade com como a comunidade artística, se manifestaria numa peça em três níveis: local, nacional e internacional.

O primeiro realiza-se no dia 25 de junho de 1961 com a chamada Exposição Comemorativa de Instalação do Museu de Arte da Universidade do Ceará, contando com a presença massiva das autoridades locais civis, militares e eclesiásticas. A partir desta oficialização, o MAUC tomou para si a responsabilidade de familiarizar “o povo com tudo que diz respeito à arte” (MAUC, 1961). Esta mostra constou de várias seções de pintura e esculturas sacras, pintura clássica e moderna, desenhos, guaches, esculturas dos mais famosos artistas nordestinos e xilogravuras populares.

O segundo momento de abertura do MAUC ocorre com inauguração da exposição individual de Antônio Bandeira, no dia 15 de julho de 1961, quando abre solenemente sua mostra. A inauguração desta exposição no MAUC tinha como objetivo dar a este evento uma repercussão nacional. Este feito pode ser percebido pela presença em Fortaleza de uma comissão de intelectuais, Orlando Mota, Eneida de Morais, Augusto Rodrigues, Paulo Silveira, Mauritônio Meira, Aluísio Medeiros, Alcides Pinto, Goebel Weyne, Walmir Ayala e Fausto Cunha, provindos do sul do país. Estes intelectuais foram alvo de várias homenagens por parte da Reitoria, tendo retornado, ao Rio de Janeiro, bem impressionados com o trabalho de natureza artística e cultural que vinha sendo desenvolvido pelo Museu de Arte da Universidade do Ceará.

A boa impressão do grupo, no entanto, não ficou restrita apenas a inauguração do Museu de Arte com a mostra de Bandeira, mas também pela articulação do seu Reitor e a agitação cultural que se desenrolava centrada na Reitoria da UFC. De acordo com Walmir Ayala num pequeno artigo publicado no Jornal do Brasil, de 1961, intitulado “Visita à Fortaleza”:

“Pudemos constatar “in loco”, uma efervescente onda de trabalho cultural, da qual, sem dúvida, o Reitor Martins Filho é a válvula impulsionadora. Assim, vimos o Museu de Arte Sacra e o de Arte Popular, visitamos as instalações da Universidade, com uma notável “Concha Acústica”, para audições musicais de coro e orquestra de câmara, filarmônica e sinfônica…”

Após estes dois eventos, o Conselho Universitário, aprova por unanimidade a criação oficial do Museu de Arte da Universidade do Ceará, através da Resolução n.º104,de 18 de julho de 1961, assinada por Antônio Martins Filho. Esta resolução refere-se à finalidade do MAUC como mantenedor de “um acervo de produções artísticas, em todos os gêneros, notadamente de autores nascidos e residentes no Ceará”.

O terceiro momento de apresentação do MAUC à época de sua inauguração se desenvolve como conseqüência da exposição de xilogravuras no Museu de Arte Moderna de São Paulo e tem como objetivo tornar visível o seu acervo em continente europeu. Neste período, é enviada à Europa uma coleção de xilogravuras da Universidade do Ceará, composta de 168 peças da autoria de famosos artistas populares do Nordeste brasileiro. A coleção constitui autêntico patrimônio da arte popular nordestina, sendo atualmente a única existente no Brasil. Em sua primeira viagem à Europa, as xilogravuras da Universidade percorreram cerca de cinco cidades espanholas, a começar por Madrid.

As exposições na Espanha só foram realizadas no primeiro semestre de 1962. No entanto, Lívio Xavier(*) e Sérvulo Esmeraldo(**), representantes designados pela Universidade do Ceará para divulgação do acervo de xilogravuras na Europa, realizaram, no segundo semestre de 1961, um significativo programa de exposições de xilogravura popular na Biblioteca Nacional de Paris, no Museu de Arte da Basileia, no Museu de Arte Popular de Viena e na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa.

Coerente desde o princípio com sua política de alcançar o “universal pelo regional” o reitor Martins Filho realiza não apenas a proeza de instalação de um Museu de Arte, rico em qualidade e plural na natureza das manifestações artísticas, mas comunga o acervo deste museu com os centros culturais nacionais e internacionais. Os laços vitoriosos e consequentes entre a ideia e a realização de um museu de arte têm seu mérito reconhecido, em suas memórias, pelo próprio autor: “a ideia, transformada em realidade, constituiu uma das promoções de destaque dos doze anos de meu Reitorado.” (MARTINS FILHO, 1996, pg. 195)

O Prédio

Primeira Sede do Mauc

O Museu de Arte da UFC foi instalado, em 1961, numa edificação onde até 1960 funcionava o Colégio Santa Cecília no terreno de uma chácara localizado próximo (em frente) à Reitoria da Universidade. Esta edificação, em dois pavimentos, abrigou o MAUC no período entre 1961 e 1963.

Em 1965 o MAUC inaugurou sua sede própria, projeto do arquiteto Neudson Braga, contendo em sua fachada o painel “Jangadas” de Zenon Barreto. Dispunha de um jardim interno e central que servia de acesso às salas de exposição. Esta edificação passou por sucessivas reformas com expansões laterais, para o interior da quadra, objetivando abrigar uma política de salas especiais às principais coleções do acervo. Em 1989, o MAUC passa por uma reforma geral do telhado.

Sede do Mauc – 1965

Em 1993, o MAUC passa por uma nova reforma cujo projeto foi inicialmente desenvolvido pelo arquiteto Joaquim Aristides de Oliveira, sua proposição final a cargo da arquiteta Fátima Cezar. Internamente, recebeu espaços com pé direito elevado e destinado às exposições temporárias, reserva técnica ampla e um espaço especial para a coleção de Arte Popular, recentemente, modernizada com o apoio do Instituto Brasileiro de Museus (2009). Externamente, preocupou-se em valorizar o painel de Zenon Barreto e voltar seu acesso principal para o estacionamento, assegurando e facilitando o fluxo de escolas que visitam a instituição.

Final de 2008 e inicio de 2009, o MAUC passou por uma reforma geral para troca de toda a cobertura do museu. Em 2017, recebe uma nova reforma, com o rebaixamento do pé direito de duas salas de exposições temporárias, assim como a troca de toda a antiga central de ar condicionados por aparelhos mais modernos.

(*)Lívio Xavier,técnico de educação da UFC segue para a Espanha, em janeiro de 1961, como bolsista brasileiro do Centro de Cultura Hispânica,com o objetivo inicial de adquirir formação em museologia e crítica de arte. Permanece em Madrid até junho do mesmo ano, onde, como ouvinte, freqüenta cursos de museologia e História geral da arte, na Biblioteca Nacional.

(**) O artista plástico Sérvulo Esmeraldo, por sugestão de Fran Martins ao reitor Martins Filho, atua na França como bolsista representante do Museu de Arte da UFC, de julho a dezembro de 1961, onde passa a atuar em parceria com Lívio Xavier na observação dos museus, agendando exposições de xilogravura e adquirindo material artístico para o Museu de Arte da UFC.

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