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Mirthes Bernardes

Fotografia por Eduardo Anizelli e cedida por Mirthes Bernardes

Barretos, SP, 1934

A história da Paulista Mirthes Bernardes está diretamente ligada à identidade visual da metrópole de São Paulo. Formada em Serviço Social, Mirtes dos Santos Pinto atuou em diversos projetos sociais sempre associando a Arte como forma de engajamento e recuperação social junto à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Fundação Casa e presídios, já exaltando sua inclinação artística. No ano de 1966, sua vida é atravessada pelo Design, através do lançamento de um concurso público para escolher o padrão que iria compor as calçadas da cidade de São Paulo durante a gestão do Prefeito Faria Lima. Mirthes trabalhava na Secretaria de Obras da Prefeitura, para onde os desenhos dos candidatos eram enviados, e como desenhista, sua função era transferi-los para o papel vegetal. Foi quando de forma despretensiosa, rascunhou seu próprio padrão de linhas inspiradas no contorno do mapa de São Paulo, e deixou dentro da gaveta. Literalmente, por acaso, o “rascunho” de Mirthes foi visto por seu chefe que imediatamente a incentivou a participar do concurso. Na fase final deste concurso, quatro desenhos foram aplicados sobre ladrilhos em trechos da Av. da Consolação e submetidos ao júri popular. O padrão de Mirthes foi o vencedor, sendo implementado na Av. São João. Até hoje o padrão criado por Mirthes é um dos símbolos da maior cidade do país, contudo de autoria praticamente desconhecida. Mirthes Bernardes chegou a patentear o desenho e lutou por muito tempo pela garantia de direitos autorais e reconhecimento, sem êxito. No entanto, a marca continua figurando entre campanhas públicas ou provadas, como se legalmente estivesse tudo acordado. Hoje atua como artista visual, e desde que iniciou esta atividade de forma mais profissional, incorporou o nome de sua mãe ao seu, passando a usar Mirthes Bernardes. Já teve seu projeto homenageado artisticamente pelo Grupo Mosaico Paulista em duas ocasiões: a primeira em 2014, com o Mural SP Map’s instalado na Praça Edgard Tomaz de Carvalho, quando em uma ação coletiva 400 obras de 30 cm formaram um painel de cerca de 30m². E a segunda, na escadaria que liga a Rua Joaquim Antunes à Teodoro Sampaio, também na capital paulista, quando esta recebeu azulejos coloridos com o formato tradicional das calçadas paulistanas nos espelhos dos seus degraus. Contudo, continua tendo seu projeto vencedor vinculado às principais calçadas de São Paulo, conferindo à cidade uma de suas marcas visuais mais significativas, mesmo que de forma quase anônima.

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