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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1976.04 – Mino – Pincel Atômico – 19/08/1976

Vou deixar transparecer meu desenho.
Espero que as pessoas sintam o momento com intensidade.
Não vai depender só de mim.
Mas vai depender só de mim.
Mas vou correr o risco.
Correr o risco é um traço de união que nos torna irmãos.
Significa desenhar.
Melhor dizendo,
Significa viver.

Mino


Meu amigo Mino é um experimentador eclético e constante.
Em humor escrito e desenhado tenho visto e lido dele as mais curiosas e brilhantes variações e approachs.
Agora Mino se propõe a uma nova experiência, audaciosa, que eu só vi feita pelo francês Mathieu; em vez de mostrar seus quadros, Mino vai desenhá-los na hora, diante do público.
Pretendo ir a Fortaleza especialmente para ver como é que é – sem trocadilhos – o Mino à minuta.

Millôr


Fácil é entender o seu desenho.
Difícil é desenhar como você.
(Capaz o Mino estar desenhando seu Cristo,
Incapaz de mentir pelo seu traço)
Difícil seria não lhe amar.
Fácil será falar a verdade…..

Ao Mino
28 de julho
Ricardo Bezerra


Mino, Mago do Humor

De repente se salientando no deserto/Ceará, um desenho riscando incomum. Humor de traços numa paciência franciscana pra ele são chico de assis é ainda, uma linda fábula); de uma sabedoria chinesa (mas daquela, quando ainda se respeitavam os valores culturais); uma vivacidade e esperteza ( pela vivência como moleque caçador de calango e atirador de baladeira, coisas do Ceará mesmo); e acima de tudo a tranqüilidade astral de um maravilhoso mago em busca de outra realidade mas pacífica com seu lirismo incutido em cada traço, sonhado em cada linha que semeia a forma.

Porque não é só falar de um humorista em dia com sua obrigação e condição de homem urbano, denunciando os entraves gerais de que os populistas chamam de “progresso” ( mas, na verdade, se chama um “regresso” a uma ordem absurda, que nem o passado quer mais conter, tem vergonha), é também falar da obra preocupada do criador sempre mudando o valor de tudo que absorve, numa versão de variedades conceituais e estilísticas enriquecendo a performance de seu trabalho.

Dos gestos mais finos de seus trabalhos construindo a caricatura geral de seu trabalho, sutilmente, com poucos elementos, apenas instruídos estes de uma fineza incomparável de humor; até aos gestos mas fartos em que ele muito mais gráfico/ilustrativo cria outra forma lírica de linguagem com este mesmo humor, ou sem e4le. São formas tão válidas em sua construção, como em qualquer das suas outras tentativas já usadas com sucesso. Tudo graças a sua mão de mágica/agilidade, do artista que sabe que o infinito de tudo está dentro dele próprio, conquistar e tomar consciência deste infinito é que reside o segredo das magias. Uma chave para o relacionamento entre irmão/amigo; entre a natureza/contemplação/amá-la e defendê-la; entre entender o sistema e saber “usá-lo” sem se envolver, mesmo porque há coisas além do que é matéria, e Mino sabe respeitar o além disso e se envolver com isso, com maior força. Mas, enfim, a vida “aqui” se torna: “viver em paz, com a arte de se viver em paz”; Mino gosta destes “trocados” e esse poderia ser dele, em vez de ser meu.

Mas acontece que não se pode parar aqui, quando se vai falar dele. E o poeta? O contista? E o Pensador/ Guru/ Mahatama do alto das dunas do Mucuripe? E, os mais alguns eteceteras?

Creio, portanto, e sinceramente, que no Ceará pouca gente esteje usando a cabeça e, com tais ” iluminações”, há dizer tanta lucidez do que Mino, em seus almanaques, heroicamente publicados, nos jornais ou no seu dia-a-dia de homem.

Porém, esta terra está cheia de intelectuais convencidos, ultrapasssados, enchendo o saco portanto nenhum com a plasticidade envolvente de uma linguagem criativa, de quem acredita não estar fazendo literatura oficiosa (oficial com ociosa). É que o barco do mago navega sem grandes velas infladas a pretensões, concessões e principalmente sem medo. O sem medo característico de um humorista sem estilo, pois Millor Fernandes já havia falado que Mino é que era o verdadeiro escritor sem estilo. Não querendo contrariar as palavras do “mestre”, devo acrescentar que Mino é o mágico sem estilo de mágica, a não ser que seja estilo, o encarar o humor como uma terrível maneira de dizer engraçado o que o resto da humanidade acha que é “muito sério”.

Esta exposição/ação (já que todas as obras serão compostas na abertura), nos deixa claro que um ser completo, antes mesmo de ser “um artista”, nos mostra o seu trabalho de criação mudando valores, brotando ali, para que o público sinta que antes de tudo, do estético e do estático, vem todo um processo muito importante e vital de movimentos, através da cor envolvendo as formas, e traçando linhas e ocupando espaços, que nesta expô se mostram porém tão pequenos. É que a dimensão de um mago vai além da sua própria dimensão.

Bené Fonteles


Mino

Estou seguro que Deus bota os caras aos pares no mundo.
Ninguém ia inventar esse negócio de alma irmã impunemente.
Levei o maior susto quando descobri que em quatro bilhões de seres (coisa improvável) meu irmão estava no Brasil, parecia comigo fisicamente e ainda por cima tinha a mania desenhar, de inventar e de fazer onda.
A coisa chegou a um ponto extremo, quando descobri que ele era do ceará, estado que todo mundo sabe ser Minas Gerais.

Ziraldo


Van Gogh tinha horror à tela branca.
O intocado e a virginal brancura era muito para ele.
Whistler pensava musicalmente as cores e fazia sinfonias com o branco.
Millor fez espaços e estórias com o branco, somente escrevendo sobre ele.
Mas esta exposição do Mino é uma cerimônia nupcial.
Quem chegar atrasado nada saberá do encontro entre o branco e o preto.

Flávio Mota


“”Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei”.”.

(JO-13-34)


Catálogo da Exposição Pincel Atômico 1976

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