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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 1980.03 – Conceição Piló – 29/04/1980

(Transcrito do Catálogo)

Há uma diferença entre as gravuras da fase do casario colonial que Conceição Piló fazia há cerca de dezessete anos passados e estas outras de sua produção mais recente com, o domínio da intimidade do cerne. Conceição integrou-se à gravura contemporânea brasileira precisamente no capítulo daqueles que não perderam o diálogo com a madeira. Ela constrói sua composição sob o cuidado de não emudecer a textura que vem do lenho e que quando bem aproveitada participa da estampa numa equivalência de valor do próprio traço linear.

A artista brasileira revela para nós um procedimento universal ao gravar a própria textura do lenho. Isto ocorre numa época na qual também se processa um recurso parecido na arquitetura. Penso que vem do movimento a que se chamou de brutalismo, ditado pela necessidade de não se negar a aparência dos materiais utilizados. No concreto exposto admitiu-se como valor decorativo ou plástico a marca deixada pela textura da madeira sobre o cimento e assim surgiram superfícies modeladas ritmicamente por essa textura. A caminhada que caberia ao xilogravador foi conduzir o incidental para a solução conscientemente lavrada.

Conceição Piló foi muito feliz em transmitir esta evidência para o seu campo xilográfico, dando à sua composição um equilíbrio entre textura e forma. Foi, igualmente, excelente solução assumir a policromia, pois a gravura de hoje se integrou à problemática da pintura. A xilogravadora fez isto admitindo inclusive a risco das superfícies douradas e suponho que a este nível sua obra passou a somar os principais traços caracterizadores da tradição local. Sendo apenas xilogravura, isto é, a impressão de uma composição formal, ela conseguiu associar atributos plásticos da entalha, da imaginária e da policromia – esses três veios da arte religiosa histórica – em um novo programa visual planeado entre a madeira e o papel.

Conhecendo Conceição Piló há tanto tempo e vendo-a sempre envolvida nos problemas administrativos e de museologia, creio ser muito justo concluir este pequeno texto relevando o seu empenho numa produção artística que lhe confere o respeito e o aplauso crítico de todos que me precedem. Não é fácil dividir a vida em duas finalidades senão sob extrema decisão de lutar por algo em que se tem muita fé. ela sabe que é uma artista, uma gravadora de nosso tempo, e por isso descobre nas suas horas tão atarefadas a energia capaz de dar vazão ao seu talento.

Clarival do Prado Valladares


Conceição Piló défend l’art populaire contemporain brésilien et collectionne au musée d’art moderne de Belo Horizonte comme dans sa demeure, les sculptures en bois, en pierre de savon, en métal, ainsi que les poteries à tête d’oiseau, em guise de couvercle, et bien d’autres objets crées spontanément par les nombreux artisans du Minas.

Dans ses gravures, elle s’inspire de cet art authentique at prend ses sources dans la nature. Le bois des troncs d’arbre ramassé dans la forêt sert de support à ses estampes et les noeuds et la trame de leur coupe horizontale ou verticale font corps avec le motif inventé par Conceição. Dans les marchés, elle achéte des planches à fromage ou a pain. C’est le point de départ d’une forme qui apparait dans ses gravures.

Conceição Piló sculpte avant de graver, déployant beaucoup de force et d’énergie pour tailler le bois compact et dur de jacarandá, puis creuse avec sa gouge et son burin ler contours d’un oiseau, d’une fleur, d’une spirale ou toute autre forme abstraite, et remplit d’encre son tracé ainsi que les petites stries at arabesques de son dessin. Elle incruste aussi dans les fentes de la poudre blanche de talc et des feuilles d’or. Lorsque son bois gravé est terminé, elle tire sur papier, de sa presse à la main, plusieurs états, limitant sa production á une vingtaine d’oeuvres originales.

Il est important d’insister sur la technique de Conceição Piló car dans sa façon de travailler, elle révéle sa sensibilité et son élan créateur. Ainsi elle enrichit les matériaux ler plus pauvres et fait d’une tache d’artisan une oeuvre d’artiste.

Jeanine Warnod

Crítica de Arte do Jornal “Le Figaro”de Paris (França)


Conceição Piló há muito se tornara conhecida por sua bela gravura, inspirada nas velhas casas e nas figuras de anjos barrocos.

Paulatinamente foi desenvolvendo a sua maestria das várias técnicas da gravura, sobretudo a pedra e a madeira. Os seus trabalhos encantavam pela sensibilidade delicada e poética, no seu intimismo recatado.

Em 1966 Conceição teve a revelação da cor nas formações de Vila Velha do Paraná. Não apenas da cor, mas de toda a violência do orgânico. O seu mundo de nostalgia poética cedeu a uma visão das suas pinturas de tinta gráfica em papel, que continua a se desenvolver com surpresas contínuas.

A descoberta da cor na pintura repercutiu logo sobre a sua arte gráfica. Conceição aliou a antiga sensibilidade com o novo senso de vitalidade nas suas gravuras em cor. Apreendeu a organicidade das estruturas da madeira nas suas xilogravuras coloridas. Encontrou uma sua opacidade dinâmica, baseada nas grandes áreas brancas do papel. As massas de papel descoberto atuam como superfícies coloridas intensamente brancas, espaços cosmogônicos vivos.

Na gravura de Conceição a honestidade rude e pura dá uma comunicação direta à poesia de suas construções.

Dos professor e crítico de arte

Mário Schenberg

Jornal do Brasil


Conceição Piló é natural de Belo Horizonte. Dirige atualmente o Museu de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte. Como professora de Artes Plásticas e Educação Artística do Instituto de Educação de Minas gerais e como conservador chefe do Museu de Arte, foi distinguida pela Fundação Calouste Gulbenkian com um estágio na Europa de 1967 a 1968, onde estudou museologia  arte.

Estudou na Universidade Mineira de Arte, Fundação Alvares Penteado de São Paulo, Escola Guignard, Atelier de Lívia Abramo, São Paulo, Instituto de Restauro José de Figueiredo em Lisboa, Escola Nacional de Belas Artes de Lisboa, Museu de Arte Antiga de Lisboa, etc.


Exposições

Coletivas

1957 – Exposição de Cerâmica na Escola de Arquitetura da UFMG
1960 – X Salão da universidade Federal de Minas Gerais
XV Salão nacional de Belas Artes no Museu de Arte da Prefeitura de BH
XX Salão de Arte Moderna de Florianópolis
1962 – Salão Nacional de Belas Artes no Ministério da Educação e Cultura – Rio.
“Gravadores Brasileiros” na Galeria do ICBEU de BH
Cerâmicas de artistas mineiros no Automóvel Clube de BH
1963 – Exposição didática de gravura em metal na Reitoria da UFMG
II leilão de Arte Contemporânea no Museu de Arte de São Paulo. XII Festival universitário da Arte de BH
Artistas mineiros na galeria do ICBEU
1964 – Salão de Arte Moderna do Paraná, aquisição e doação de obras para o acervo do Museu del grabado de Buenos Aires, pleo Diretor Oscar Pecora.
XVIII Salão de Belas Artes no Museu de Arte da Prefeitura de BH
I Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
Exposição do Acervo da Universidade Católica de Campinas no Centro e Ciências, Artes e Letras
Artistas premiados no XVIII Salão Municipal de Belas Artes na Galeria do ICBEU de BH
1965- II Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
Salão de Arte Moderna do Paraná
Artistas Brasileiros na galeria Grupiara de BH
Coletiva de Gravadores na Galeria do ICBEU de BH
1966 – Desenhistas e gravadores mineiros na Reitoria da UFMG
Desenho e Gravuras Brasileiras em Ruthford, New Jersey, USA
“Brazil its comtemporary art” em Indiana University Museum, USA
Salão e Arte Moderna do Paraná
Galeria de “Mulheres Inesquecíveis”, da Rádio Ministério da Educação e Cultura da Guanabara, como artista plástico, museóloga e poetisa (1966/1967)
1967 – XII Salão e Outono – Estoril – Portugal
XIII Salão de Primavera – Portugal
“Gravadores Brasileiros” no museu de Arte de Goiânia
I Salão de Arte de Ouro Preto (desenho brasileiro)
“Desenho Brasileiro” na Reitoria da UFMG
Desenho, Gravura e Pintura de suas alunas da 3° série do Curso de Formação no Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais.
1968 – V Salão de Arte Moderna – Estoril – Portugal
1ª Bienal del Grabado de Buenos Aires – Argentina – Grabadores de América~ no México e demais países da América Central
XI Bienal de Pescia na Itália
Exposição Bruxelas – Lisboa e Bruxelas
1ª Exposição Internacional da Gravura – Fundação Artística Álvares Penteado em São Paulo
1969 – Galeria Debret em Paris “Cinco gravadores brasileiros”
Exposição Luso-brasileira na Reitoria da UFMG
Exposição de Abertura do Museu de Arte Moderna de São Paulo
“Panorama da Arte Atual Brasileira” – III Salão de Ouro preto
“Gravura Brasileira” Salão de Arte Moderna  do Paraná
1ª Feira de Arte da AIAP de São Paulo
III Salão de Arte da Cultura Francesa de BH
XXIII Salão de Arte no Museu da Prefeitura de BH
Salão de Exposição “Clemente Faria” em Bh
A gravura Brasileira no Palácio das Artes em São Paulo
Exposição da 1ª Pré-Bienal de São Paulo
Mostra Internazional di Gráfica Contemporânea em Catânia – Itália
1971 – Panorama da Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo
Salão de Arte das Olimpíadas de 1971
1ª Bienal de Santos
Galeria de Arte do Palácio do Governo de Minas Gerais
XI Bienal de São Paulo
Artistas Mineiros na Fundação Cultural de Brasília
1972 – Brasil Plástica 1972
Museu de Arte Contemporânea de Skopje – Iugoslávia
III Trienale della Xilografia Contemporânea – Museo de Capri – Itália
II Exposição Internacional de Gravura no Museu de Arte Moderna Sp
Brasil Plástica/72 em São Paulo
Galeria Newman de Belo Horizonte
Galeria do Palácio do Governo de Minas Gerais
Seis Mineiros em Washington
Ibizagrafic 72 – Baleares Espanha
Galeria Iramar – New York
1973 – Bienal de Lubyjana – Iugoslávia
Ociedade Hípica do Estado de Minas Gerais
1974 – Exposição de Abertura do Museu da Casa dos Contos de Ouro Preto
Exposição Ibizagrafic 74 no Museu de Ibiza – Espanha
“Panorama da Arte Atual Brasileira” – Museu de Arte Moderna de SP
Sala de Gravura Brasileira – Bienal de São Paulo
1975 – Salão Nacional de Arte Moderna – Ministério da Educação e Cultura do Rio de Janeiro
Salão Global de Inverno de Belo Horizonte
Salão Internacional da Mulher – Palácio das Artes BH
Exposição Hispano Americana – Itinerante na Espanha
Galeria Guinard em Belo Horizonte
1976 – Galeria de Arte do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiânia
Bienal Ibizagrafic/76 – Espanha
1977 – Exposição “Grand Prix” Internaziona d’Arte Contemporanum de Monte-Carlo em Mônaco
1º encontro Internacional de Arte de Manzanares el Real em Madrid – Gravuras
Pranorama da Arte Atual Brasileira do Museu de Arte Moderna de SP
1978 – 35º Salão nacional Paranaense do Governo do Paraná

Individuais

1963 – Galeria Tejuco (xilogravura e litografias)
1964 – Departamento Cultural de Minas Tênis Clube e BH (monotipias e xilogravuras)
Alba Galeria de Goiânia (técnica mista)
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Porto Alegre (técnica mista)
1965 – Galeria do ICBEU em BH (litografias)
1966 – Museu ed Arte de Goiânia (xilogravuras)
1967 – Salão do Leme Palace Hotel, Patrocínio do Ministério da educação e Cultura da Guanabara (xilogravura)
Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais (xilogravuras)
1968 – Museu de Évora – pelo Ministério de Educação Nacional – Portugal
Palácio da Foz – pelo Secretariado Nacional de Informações e Embaixada do Brasil em Lisboa (xilogravuras e litografias)
Galeria divulgação pela Embaixada do Brasil – Portugal (litografias)
Biblioteca Municipal de Viana de Castelo no Festival da Fundação Calouste Gulbenkian e Embaixada do Brasil e Sociedade Martins Sarmento em Guimarães – Portugal (litografias)
1969 – Museu Galeria Boisserée de Colônia – Alemanha (litografias)
Bucherchalle Hamburg – Alemanha (litografias)
IV Bienal de Santiago do Chile (litografias)
1670 – Piccolla Galeria – Rio (xilogravuras e litografias)
1971 – Centro Regional de Pesquisas Educacionais (MEC)
Galeria Azul em Goiânia sob o patrocínio da Universidade Federal de Goiás e Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Goiás
1972 – Destaque nas Artes – Palácio das Artes
1973 – 6 Mineiros em Washington
Bienal de Ibiza
Ibizagráfica
1974 – Museu da Casa dos Contos de Ouro Preto
1975 – Museu Nacional de Belas-Artes – MEC – Rio de Janeiro
Galeria Porta do Sol – Brasília
Galeria Divulgação – Goiânia


Xilogravura

1. Gravura I Ciclo Barroco
2. Ciclo Barroco – Arte e História do culto ao Divino nas Minas Gerais P.A.
3. Ciclo Barroco – Arte e História do culto ao Divino nas Minas Gerais P.A.
4. Ciclo Barroco – Arte e História do culto ao Rosário nas Minas Gerais P.A.
5. Ciclo Barroco – Tabuinhas de Carne I 3/10
6. Ciclo Barroco – Tabuinhas de Carne II 3/10
7. Ciclo Zodiacal – Gravura I
8. Ciclo Zodiacal – Gravura II
9. Ciclo Ecológico – Gravura I 3/15
10. Ciclo Ecológico – Gravura II 15/20
11. Ciclo Ecológico – Gravura III 2/10
12. Ciclo Ecológico – Gravura IV 1/10

Cultura Têxtil nas Minas Gerais

13. Registros da Cedro Cachoeira I
14. Registros da Cedro Cachoeira II
15. Registros da Cedro Cachoeira III
16. Registros da Cedro Cachoeira IV
17. Registros da Cedro Cachoeira V
18. Registros da Cedro Cachoeira VI

Técnica Mista (óleo e xilogravura)

19. Cestaria
20. Cosmogonia
21. Ametista
22. Natureza Morta
23. Peixe-boi
24. Ciclo Zodiacal
25. Magia do Jequitinhonha I
26. Magia do Jequitinhonha II
27. Maquiné
28. Reflexão
29. Das Grutas de Minas
30. Mineralogia
31. Mineralidade
32. Carrancas do São Francisco
33. Réquiem pela Natureza Morta – Ciclo ecológico
34. Natureza Morta – Ciclo ecológico


Conceição Piló 1980

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