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Exposição 2001.06 – Em Memória da Comuna: 130 anos da Comuna de Paris – 17/09/2001

Comuna de Paris (1871)

A Comuna de Paris de 1871 foi a principal insurreição operária e popular do século XIX, prolongando-se sua influência até ao século XX no imaginário social do movimento operário e na literatura revolucionária. As raízes da Comuna prendem-se à crise social que a França vivia naquele ano, em conseqüência das derrotas sofridas na guerra com a Alemanha. Em 18 de março de 1871 o povo tomou conta de Paris, proclamando a Comuna. No seu Manifesto de 19 de Abril está patente a influência das idéias libertárias de Proudhon e dos federalistas pertencentes à AIT. O pensamento libertário teve um papel de destaque nessa curta experiência revolucionária que apontou para a autogestão social e para a democracia direta. Courbet, Varlin, Malon e os irmãos Reclus são alguns dos militantes socialistas e libertários que tiveram papel importante nessa insurreição. Entre as mulheres que se destacaram na Comuna estão Louise Michel, Maria Deraismes (1828-1894), Paul Mink (1839-1901), André Léo (1832-1900) e Marthe Noémie Reclus. A Comuna de Paris levou Karl Marx a escrever para a AIT o relatório que viria a ser chamado de A Guerra Civil em França, onde defende uma concepção federalista, próxima dos anarquistas, que contraria, no entanto, todo restante de sua obra e prática política. Esse livro também é contraditório com os princípios da centralização e da ditadura burocrática impostos na União Soviética pelo Partido Comunista. Numa inversão dialética, Engels, e depois Lenin, consideraram a Comuna de Paris, uma experiência libertária e federalista, como o exemplo de ditadura do proletariado, passando por cima do que Marx tinha escrito no calor dos acontecimentos de 1871. A repressão sangrenta que se seguiu matou mais pessoas que a guerra franco-prussiana ou que a Revolução Francesa. A militante anarquista Louise Michel escreveu o livro A Comuna, que descreve a sua participação nessa insurreição popular.


Poema

Comuna de Paris

“Revolução
Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem.
As leis não mais serão respeitadas

Considerando que não queremos mais ser escravos.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.

Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos tomá-lo
Considerando que ele nos aquecerá.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas

Considerando que sem os senhores,
tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.

Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.
Considerando: vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender
– Deveremos então, sim, isso valerá a pena
– Apontar os canhões contra os senhores!

(Do texto “Os Dias da Comuna”, de Bertold Brecht, tradução de Fernando Peixoto).

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(Visões da Comuna de Paris)

Anátema aos Vencedores

A Paris dos operários de 1871, a Paris da Comuna será para sempre celebrada como a precursora de uma sociedade nova. A memória de seus mártires viverá, como num santuário, no âmago do coração da classe operária. Seus exterminadores, a História já os pregou a um pelourinho eterno e todas as preces de seus padres não bastarão para resgatá-los.

Karl Marx.

“… a próxima tentativa da revolução francesa deverá consistir não mais em fazer com que a máquina burocrática e militar passe para outras mãos, como aconteceu até agora, mas em destruí-la. É a condição primeira de toda revolução popular real no continente. É isto o que estão tentando nossos heróicos camaradas de Paris. Que elasticidade, que iniciativa histórica, que capacidade de sacrifício destes parisienses! […] A história não tem outro exemplo de semelhante grandeza”.

Karl Marx, 12 de abril de 1871

“Seu verdadeiro segredo consistia em que era essencialmente um governo da classe operária, o resultado da luta da classe dos produtores contra a classe dos apropriadores, a forma política enfim encontrada que permitia realizar a emancipação econômica do trabalho. […] Sem esta última condição, a constituição comunal teria sido uma impossibilidade e um engano”.

Karl Marx, A Guerra Civil na França

“Sou partidário da Comuna de Paris que, por ter sido massacrada, sufocada em sangue pelos carrascos da reação monárquica e clerical, tornou-se mais viva, mais poderosa na imaginação e no coração do proletariado da Europa; sou seu partidário sobretudo porque ela foi uma negação audaciosa, bem pronunciada, do Estado”.
M. Bakunin, Comuna de Paris e a Noção de Estado

“A memória dos lutadores da Comuna é honrada não só pelos trabalhadores franceses, mas também pelo proletariado de todo o mundo, pois ela não lutou por um objetivo local ou estreitamente nacional, mas pela emancipação de toda a humanidade trabalhadora, de todos os humilhados e ofendidos. […] A causa da Comuna é a causa da revolução social, é a causa da completa emancipação política e econômica dos trabalhadores, é a causa do proletariado mundial. E neste sentido é imortal”.

V. I. Lenin, Em Memória da Comuna

“O parlamentarismo venal, apodrecido até a medula, da sociedade burguesa, é substituído pela Comuna, por órgãos em que a liberdade de opinião e de discussão não degenera em mistificações, porque os parlamentares devem trabalhar eles mesmos, aplicar eles mesmos suas leis, verificar eles mesmos os seus efeitos, responder eles mesmos diretamente por elas diante dos seus eleitores. Os organismos representativos permanecem, mas o parlamentarismo como sistema especial, como divisão do trabalho legislativo e executivo, como situação privilegiada para os deputados, não mais existe”.

V. I. Lenin, O Estado e a Revolução

“… tínhamos atrás de nós a heróica Comuna de Paris, de cujo esmagamento deduzíramos que a missão dos revolucionários é prever os acontecimentos e se preparar para enfrentá-los”.

Leon Trotsky, Terrorismo e Comunismo o anti-Kautsky

 

 

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