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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 2022.13 – Escondidos no Caminho – 09/11/2022

A exposição Escondidos no caminho do artista visual Dan Pelegrin, está em cartaz no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC) – MAUC, no período de 09 a 29 de novembro de 2022.

Com curadoria da professora Pamela Merrill Brekka, PhD (University of South Florida, Tampa), a exposição conta com 40 obras do artista Dan Pelegrin produzidas nos anos de 2006 a 2022. Para Pamela Brekka, “Dan Pelegrin não é um contador de histórias comum. Tampouco é apenas um criador, fluente em uma série de meios de comunicação. Dan Pelegrin é um feiticeiro. Ele é capaz de conjurar do ar rarefeito criaturas miraculosas e monstros fantásticos. Como ícones medievais, considerados objetos divinos ‘não feitos’, as imagens de Pelegrin simultaneamente negam − e depois destacam − sua natureza mediada. Escondida, no Caminho, está a história deste complicado e mágico paradoxo.”

Com sua pesquisa artística, Pelegrin brinca com o nosso olhar, sensibilizando-nos a ver/imaginar uma diversidade de “coisas escondidas” nas paisagens cocriadas por rochas, nuvens, gente, plantas, entre outros agentes que compõem arte coletivamente. As criações do artista e seus colaboradores evidenciam pistas dos caminhos percorridos, reunindo produções imagéticas carregadas de memória. Destaque para a obra “Paredão de Arenito”, criada a partir de uma fotografia de Dan Pelegrin que, depois de manipulada por ele, ganhou mais camadas sutis em um trabalho conjunto com o artista chileno Daniel de Roes, sendo finalizada por meio de uma pintura a óleo.

De acordo com Pelegrin, a pareidolia é algo que move seus processos de criação artística. “Meus trabalhos podem se articular com aspectos da arte rupestre, com iluminuras, arabescos, pinturas corporais, grafismos, ilustrações, arte renascentista, surrealismo, dadaísmo, arte incomum, pós-moderna, contemporânea… As conexões são parciais e transitórias. Conectam-se também com estudos da psicologia da arte e, foi nesse contexto, que me encontrei com o termo pareidolia.”

Pelegrin acrescenta significados e configurações únicos aos seus trabalhos, por meio da pesquisa sobre aisthesis da pareidolia, apresentando poéticas que conjugam natureza, tempo e acaso. O artista informa que:

A origem da palavra  pareidolia é grega, sendo que para (παρά) significa “apesar”, “ao lado”, “em vez [de]”; e o substantivo eidōlon (εἴδωλον) tem o sentido de “imagem não real, formas representativas”. A meu ver, a expressão “ao lado” confunde o sentido do termo, pois as formas imaginadas estão conexas, juntas, o que remete também ao que está à frente, ou atrás, escondido, oculto, invisibilizado. Ou seja, em vez disso (o que a coisa é), imagine outras formas – por exemplo, em vez de nuvem, imagine um boi-nuvem e o que vem depois…

Para Richard Wiseman1, pareidolia é um fenômeno psicológico que nos permite encontrar significados em estímulos aleatórios. Dan Pelegrin nos lembra que “todos nós temos a possibilidade de experimentar a pareidolia, pois somos seres sensíveis”. Todos temos a capacidade de sentir a nós mesmos e ao mundo, de modo integrado. Essa capacidade recebeu o nome de estesia, palavra derivada do termo grego aisthesis<span; saber sensível, de tudo aquilo que pode ser percebido pelos sentidos do corpo. Para o professor Duarte Junior, atentar-se à aisthesis seria “um dedicar-se ao desenvolvimento e refinamento de nossos sentidos, que nos colocam face a face com os estímulos do mundo.”

Além das obras da exposição, outros trabalhos de Pelegrin poderão ser apreciados no livro Escondidos no caminho: aisthesis da pareidolia, de autoria do artista e que terá um pré-lançamento com palestra durante a exposição.

Dan produz, coleta e articula imagens dos lugares onde viveu e/ou visitou, fazendo arte em diálogo com artistas de diferentes épocas e vinculando a pareidolia à invenção artística. As imagens que compõem o livro foram produzidas no Ceará – Fortaleza, Quixadá, Maranguape, Guaramiranga, Palmácea, Icapuí, Paraipaba etc.; no Rio Grande do Norte – Serra do Feiticeiro, em Lajes; em Pernambuco – Cabo de Santo Agostinho; no Espírito Santo – Três Ilhas, Vargem Alta; no Rio de Janeiro – Petrópolis e Teresópolis; no Distrito Federal – Brasília e em Mato Grosso – Cuiabá e Chapada dos Guimarães.

De acordo com a professora Pamela Merrill Brekka:

Pelegrin passou sua infância em Marialva, PR, Brasil, conjurando máquinas, humanoides e dragões. Seu trabalho atual, como Rochas, 2015, Dragão da Folha Seca, 2012, Arara, 2020, e Paisagem com Coelho, 2018, reflete sua formação inicial. É uma mostra que apresenta respostas profundamente meditativas tanto à natureza, como ao sobrenatural, assim como à intervenção humana no mundo natural. Por definição, a arte é o oposto da natureza. A arte é concebida, mediada, manipulada. A arte muda a natureza, desfaz, fábrica. Aqui está o paradoxo diante de nós: no mundo de Pelegrin, arte e natureza são uma coisa só.

A exposição Escondidos no caminho convida você a entrar nesse mundo. Para Graciele Karine Siqueira, diretora do MAUC, a mostra tem “o propósito de convidar o público a adentrar em caminhos desconhecidos e conhecidos da natureza e encontrar detalhes e imagens que espelham o consciente e o inconsciente humano. Um convite para olhar para a natureza e encontrar a arte e vice-versa e uma oportunidade de se perder e de se achar pelos caminhos trilhados pela produção visual e afetiva do artista.” Sejam todos/as/es bem-vindos!!!

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